O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, repetiu nesta quinta-feira, 29, não haver dúvidas de que as novas metas de inflação para 2019 e 2020 – de 4,25% e 4,0%, respectivamente, sinalizam a convergência para padrões internacionais. “Não podemos antecipar agora decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN) para os próximos anos, mas há a intenção de convergir para esses padrões”, disse o ministro.

Sobre a manutenção da meta de inflação de 2018 em 4,5%, Meirelles lembrou que há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. “Essa ideia de que a inflação tem que flutuar apenas acima do centro da meta é equivocada. Senão o centro da meta vira o piso da meta. A inflação tem flutuar em torno do centro”, completou.

Meirelles lembrou que mudar uma meta de inflação já estabelecida tem um custo, além de ser uma sinalização ruim. “É importante cada vez mais que ancoremos as expectativas para darmos previsibilidade aos agentes econômicos”, analisou.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que as projeções de inflação para 2018 estão muito próximas do centro da meta de 4,5%. “Essas projeções são condicionais e muita coisa pode acontecer. Vamos reagir ao impacto secundários de choques, que é o que fazemos”, afirmou. “Fixamos metas e não pretendemos mudá-las, nem as passadas e nem as futuras. O BC fará tudo para as cumprir. Algumas vezes ficará acima e outras abaixo do centro”, acrescentou.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, também concordou que alterar a meta de 2018 – seja para cima ou para baixo – não seria um precedente.

Convergência de preços

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Meirelles disse que a estratégia de reduzir gradualmente as metas de inflação tem a ver com as características da sistemática de formação de preços do Brasil. “Com a inflação ancorada em 4,25% em 2019, temos uma convergência natural da formação de preços para esses patamares”, disse Meirelles. “A indexação da economia é um dos fatores que justificam essa convergência gradual. Na nossa avaliação essa montagem é ótima e assegura o crescimento potencial e preserva o poder de compra da população”, completou.

Ilan Goldfajn, avaliou que a projeção de uma meta menor vai levar a taxas de juros longas menores no futuro, desde que essas metas sejam críveis. “Vemos as projeções para o futuro ancoradas nessas metas”, analisou.

O presidente do BC confirmou que a indexação da economia brasileira levou a essa estratégia convergência “gradual, consistente e serena” para metas menores de inflação. “A inflação em 12 meses caiu para 3,6% e às vezes essa indexação até ajuda a gente, nesse caso a inércia não é algo determinante”, acrescentou.

Dyogo Oliveira disse ainda que inflação mais alta não significa crescimento mais alto. “Nos últimos anos experimentamos o oposto”, rebateu. “Sinalizar uma inflação mais baixa reduz mecanismos de indexação e permite o cumprimento de uma meta mais baixa e mais convergente no curto prazo”, concluiu.


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