Não é exagero dizer que entre os 68.138 torcedores que estiveram no Maracanã na noite dessa terça-feira, a maioria foi para ver o Brasil, uma minoria para ver a Argentina, e (quase) todos para ver Lionel Messi – mas não necessariamente para torcer por ele. Antes do jogo, o nome do maior jogador de futebol desta geração foi pronunciado por torcedores de Salvador, de La Plata, do Rio e de Buenos Aires que chegavam ao Maracanã. “Vim a este estádio magnífico para ver o último jogo de Messi no Maracanã”, sentenciou um torcedor com a camisa do Independiente.

Aos 36 anos, Messi foi de longe a grande atração do clássico diante de um Brasil desfalcado de seus dois melhores jogadores, os lesionados Vinícius Jr. e Neymar. E claro que o capitão argentino foi vaiado pela grande massa de torcedores brasileiros; os apupos começaram antes mesmo do jogo, durante chutes a gol no aquecimento dos jogadores, e viraram xingamentos impublicáveis quando a seleção argentina voltou do vestiário após a briga nas arquibancadas que manchou o clássico.

Para contextualizar: quando a briga na arquibancada atrás de um dos gols eclodiu, um clarão onde estavam os torcedores argentinos se formou após a chegada de policiais militares (e seus cassetetes). Todo o time argentino, capitaneado por Messi, foi ao local do confronto para tentar acalmar os ânimos. Sem muito sucesso nessa empreitada, o time voltou ao vestiário. No retorno, a torcida brasileira elegeu Messi o culpado pelos vinte minutos de paralisação.

Quando a bola rolou e o foco finalmente se voltou para o futebol, o craque argentino pouco apareceu. Não que houvesse desinteresse da parte dele – nunca há -, mas a marcação brasileira se mostrou eficiente. André era o mais próximo, mas dividia a função com Carlos Augusto, Gabriel Magalhães e mais algum jogador que eventualmente rondasse sua área do campo. O resultado foi um primeiro tempo em vão para o melhor do mundo, e provavelmente para quem foi ao Maracanã para vê-lo.

Messi ganhou um pouco mais de liberdade de movimentação no segundo tempo. Avançou um pouco seu posicionamento e até arriscou um chute a gol da entrada da área, mas a bola nem sequer chegou na marca da cal, interceptada pela marcação brasileira.

Aos poucos, o capitão da seleção argentina foi se dando por vencido. Passou a aparecer isolado no campo do ataque, principalmente após a equipe alviceleste abrir o marcador com Otamendi e passar a se preocupar apenas em administrar o jogo. Aos 31, Di Maria entrou em seu lugar. Eram 23h35 de terça-feira, 21 de novembro de 2023, quando Lionel Messi deixava o gramado do Maracanã provavelmente pela última vez como jogador da seleção argentina. Não teve brilho, mas ficará para sempre registrado que seu último jogo no Maracanã foi com vitória.