Mesmo na zona de rebaixamento, Fernando Diniz fica enquanto quiser, garante dirigente do Atlético-PR

 Miguel Locatelli/Site Oficial
Foto: Miguel Locatelli/Site Oficial

“Pode cravar: ele só sairá quando ele quiser”. Quem mandou cravar foi Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo e homem forte do Atlético Paranaense. O “Ele” em questão é Fernando Diniz, treinador da equipe paranaense que está tentando, pela primeira vez na carreira, implantar seu sistema de jogo num time grande do futebol brasileiro.

No último sábado, depois da derrota para o São Paulo por um a zero, jogando na Arena da Baixada (Curitiba, PR), o Furacão acumulou a sexta derrota no Campeonato Brasileiro, a terceira jogando em casa. Estes tropeços deixam a equipe na 17ª colocação, a primeira da zona de rebaixamento. São apenas nove pontos ganhos. Nas três últimas rodadas, três derrotas seguidas, duas como visitante e uma como mandante.

Petraglia, 74, está no comando do Atlético desde 1995, quando foi eleito presidente pela primeira vez. Desde então, sua influência nos destinos do time curitibano é muito forte. Ele sabe que os maus resultados vão aumentar a pressão para que Diniz seja demitido e, com ele, o projeto tático de uma equipe que sai jogando desde sua área, com deslocamentos, passes rápidos e jogo envolvente.

Em conversa com a Coluna do Boleiro, Petraglia diz que apostar no trabalho de Fernando Diniz é também forma de resistência à estrutura do futebol brasileiro.

Coluna do Boleiro – O Atlético-PR pensa em demitir Fernando Diniz?
Mario Celso Petraglia –
Pode cravar: ele só sairá quando ele quiser. É a única forma do Atlético Paranaense fazer o futebol de forma alternativa.

Dentro de campo?

E fora também. Enquanto a TV Globo dominar esta situação com apoio da CBF, o futebol brasileiro vai continuar igual e vamos ter sempre o mais do mesmo. Enquanto o Flamengo entrar na temporada recebendo R$ 3,5 milhões e nós entrarmos com R$ 150 mil, vamos ter que pensar em sermos alternativos, diferentes. Ainda estamos no projeto com o Fernando Diniz. Os novos contratos da Globo com clubes da Série A vão até 2024, ou seja, nada vai mudar.

O senhor sente que vai haver pressão para que se mude o treinador?
Já existe esta pressão, principalmente por parte da torcida e imprensa, uma parte reacionária que sempre age desta maneira. Mas a gente pensa de forma diferente.  Somos o nono no ranking de clubes brasileiros e vai ser difícil fazer frente aos oito da frente enquanto a performance em campo por proporcional ao fluxo de caioxa dos clubes.

No Campeonato Paranaense, o Atlético não vendeu os direitos de transmissão da a emissora da rede Globo.
Não vendemos porque as cotas eram muito baixas. Mas exibimos nossas partidas pela internet e foi muito bem. O Atlético Paranaense já conseguiu algumas quebras de paradigmas. Estou 23 anos no clube. Fizemos o nosso CT em 1999 e é referência. A primeira Arena da Baixada foi construída também em 1999. O título brasileiro de 2001 e o vice da Libertadores em 2005 foram resultados disso.

E vocês deixaram o Estadual para times Sub-23?
Então veja, nós colocamos nossos aspirantes no Estadual e o futebol paranaense anda tão ruim e pobre que fomos campeões. O futebol brasileiro está cada vez mais longe da Europa. Quando o Mundial de Clubes tiver 24 equipes, como será o nível, quais times poderão encarar os europeus? Hoje, o Flamengo fica feliz quando vende jogador caro, mas deveria ficar feliz quando comprasse um jogador caro.