Mais de um mês após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decretar o fim da crise hídrica em São Paulo, a quantidade de pessoas abastecidas pelo Sistema Cantareira ainda é 15,9% menor do que em janeiro de 2014, quando foi emitido o primeiro alerta público para a seca no sistema. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a recuperação dos reservatórios permitiu que o manancial voltasse a atender 7,4 milhões de paulistas em abril – número inferior, no entanto, aos 8,8 milhões de abastecidos pelo sistema há dois anos.

A produção de água no Cantareira também é inferior a antes da crise. Hoje, o sistema produz 23 mil litros por segundo – 27,4% a menos do que em 2014. À época, os reservatórios produziam 31,7 mil litros por segundo. Já a afluência do sistema, que em outubro de 2014 chegou a ser menor do que 4 mil litros por segundo, atualmente está em 23,3 mil litros por segundo, de acordo com a Sabesp.

No auge da crise, o Cantareira precisou ser socorrido por outros mananciais, como o Alto Tietê e o Guarapiranga, e chegou a atender apenas 5,4 milhões de pessoas. Em nota, a Sabesp afirma que o aumento no número de abastecidos “confirma a recuperação contínua do sistema e o fim da crise hídrica”.

Quando foi feito o primeiro comunicado da crise, o principal manancial paulista estava com 23,1% da capacidade – até então o índice mais baixo dos últimos dez anos. Atualmente, o sistema opera com 36,9% da capacidade, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira, 14, e não registra queda no volume armazenado de água há quase seis meses.

Bônus

De acordo com balanço divulgado nesta quinta-feira, 14, pela Sabesp, 78% dos clientes reduziram o consumo de água em março. Em fevereiro, 77% das pessoas havia economizado. Do total, 43% receberem desconto na conta de água. Já a multa por gasto excessivo da água foi aplicada a 14% dos clientes, ante 15% no mês anterior.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Adotados em 2014 para evitar desperdícios, tanto o desconto por economia quanto a multa para os “gastões” não serão mais aplicados a partir de maio. O cancelamento dos programas foi autorizado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) há duas semanas.

No pedido, a Sabesp argumentou que a atual situação hídrica permite “maior previsibilidade sobre as condições dos mananciais”.

Conta mais cara

Também a partir de maio, a conta de água e esgoto da vai ficar 8,45% mais cara. Com o reajuste, a tarifa residencial normal vai subir para R$ 22,38 no consumo de até 10 m³ de água. Por sua vez, a tarifa social, voltada para famílias de baixa renda, aumenta de R$ 7 para R$ 7,59 nessa faixa de consumo, com a aplicação do mesmo valor para esgoto.

Em nota, a Sabesp afirma que o fim dos programas “não quer dizer que os clientes não possam ter uma conta mais barata”. “Desde que haja consumo consciente da água, é possível sim pagar menos”, diz a companhia. “A estrutura tarifária da Sabesp sempre valorizou o cliente que consome menos água. Isto é, quanto menor o consumo do cliente, mais barato é o metro cúbico da água, pois a estrutura é progressiva.”


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias