Mesmo após Brumadinho, mais de 40 barragens estão em emergência em MG

Vista de barragem da Vale em Brumadinho

Apesar de já passarem mais de seis anos de uma das maiores tragédias ambientais da história do Brasil – o rompimento da barragem em Brumadinho – mais de 40 barragens no estados de Minas Gerais estão em estado de emergência.

Os dados atualizados da Agência Nacional de Mineração (ANM) mostram que as barragens estão nos níveis 1, 2 ou 3 de emergência, que são patamares que indicam risco de rompimento.

Do total de 40, nove estão no nível mais crítico (nível 3), o que exige inclusive a evacuação das comunidades no entorno.

A ANM ainda apontam que outras 13 estão no nível 2, que não demandam evacuação, mas exigem um monitoramento constante e reforçado, com medidas preventivas.

As barragens Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto, e Serra Azul, da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu, na região metropolitana de BH, são as que estão em maior nível de gravidade.

A primeira delas armazena um volume de 19,4 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, ao passo que a segunda armazena 5,02 milhões de metros cúbiccas.

Ambas foram construídas nos mesmos moldes como as que colapsaram em Brumadinho e Mariana – o conhecido método a montante.

Como foi a tragédia de Brumadinho

O rompimento da barragem B1, pertencente à Vale, ocorreu em 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, Minas Gerais, deixando 272 mortos.

A estrutura armazenava rejeitos de minério de ferro e colapsou repentinamente, liberando 12 milhões de metros cúbicos de lama, que devastaram a comunidade de Córrego do Feijão e áreas próximas.

A onda de rejeitos destruiu residências, fazendas, rios e parte da vegetação local, e por conta disso as operações de resgate duraram meses, com equipes trabalhando em condições desafiadoras para localizar vítimas.

A lama de rejeitos contaminou rios, como o Paraopeba, afetando a biodiversidade e inviabilizando o uso da água para consumo humano, irrigação e pesca em um raio de centenas de quilômetros. Além disso, áreas devastadas ficaram inférteis, e a recuperação ambiental permanece como um desafio de longo prazo.

Por conta da tragédia, comunidades perderam casas, familiares e meios de subsistência.

A tragédia gerou maior pressão sobre a fiscalização de barragens no Brasil, com as mudanças na legislação passando a exigir maior controle sobre estruturas de rejeitos – todavia especialistas afirmam que a implementação ainda é insuficiente, a exemplo do volume atual de barragens em situação de emergência.

O acordo da Vale

Após intensas negociações, a Vale firmou um acordo histórico em fevereiro de 2021, considerado um dos maiores já realizados no Brasil em termos de reparação por desastres socioambientais.

O valor do acordo foi de R$ 37,7 bilhões, cuja destinação dos recursos contemplou:

  • Indenizações individuais para as famílias das vítimas
  • Investimentos em projetos sociais, saúde, educação, infraestrutura e desenvolvimento nas comunidades afetadas
  • Recuperação ambiental da bacia do Paraopeba
  • Reparação de danos econômicos e sociais na região de Brumadinho