O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se neste sábado, 22, com o chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, à margem da Cúpula do G20, em Joanesburgo, na África do Sul. Este foi o primeiro encontro após o chefe do governo alemão provocar indignação com comentários em que comparava Brasil ao país europeu. Também participaram o ministro da Economia, Fernando Haddad, e o vice-chanceler federal e ministro das Finanças da Alemanha, Lars Klingbeil.
+ No G20, Lula destaca transição energética e crescimento inclusivo
+ África do Sul inaugura cúpula do G20 sem Trump
Após a reunião, tomada como positiva pelos participantes, o líder alemão fez comentários positivos sobre Belém e prometeu conhecer melhor a cultura da cidade na próxima oportunidade. “Da próxima vez em Belém, vou explorar mais — desde os passos de dança até a comida local e a floresta tropical. Estou ansioso para fortalecer nosso relacionamento como parceiros e amigos”, escreveu Merz nas redes sociais, em comentário ao lado de uma foto com Lula.
Ver essa foto no Instagram
Em um discurso realizado no dia 13 de novembro, Merz afirmara que jornalistas que o acompanhavam durante a Cúpula de Líderes em Belém, evento parte da COP30, ficaram “contentes” em deixar o Brasil e retornar à Alemanha. Dias depois, Lula rebateu, dizendo que o chanceler federal deveria ter “ido em um boteco”, dançado e provado a culinária do Pará.
Segundo fontes próximas a Merz ouvidas pela Agência Alemã de Imprensa (dpa), no encontro deste sábado os dois líderes conversaram por 40 minutos. Em tom amistoso, Lula deu ao chanceler federal dicas de restaurantes para sua próxima visita a Belém e também sugeriu danças que ele poderia experimentar. Merz respondeu: “Ótimo, da próxima vez vamos dançar juntos”, informou a agência.
Dias antes, Merz havia minimizado o mal-estar causado por suas declarações e disse que esperava ter uma conversa “totalmente descomplicada” com Lula. Anteriormente, ele havia se recusado a pedir desculpas formais. Um porta-voz do governo alemão disse que a fala do chanceler federal foi “apresentada de forma incriminatória”.
Segundo a “DW”, parlamentares alemães do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro também criticaram o comentário feito sobre o Brasil. A deputada Isabel Cademartori, do Partido Social-Democrata (SPD), que compõe a coalizão governista de Merz, disse que “um chanceler alemão deve evitar dar a impressão de que trata os importantes países parceiros do Sul Global com arrogância ocidental.”
Planalto diz que países fortalecem relação comercial
Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que Lula e Merz “concordaram em fortalecer a relação comercial, social, cultural e tecnológica entre os dois países”, lembrando os laços de proximidade desde o início da migração alemã ao Brasil.
“O líder alemão reiterou seu apoio à iniciativa brasileira de criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), quando mencionou o investimento de 1 bilhão de euros no fundo lançado durante a COP30, em Belém”, escreveu o Planalto.
Na ocasião, Lula também confirmou sua visita à Alemanha, prevista para abril de 2026, quando abrirá a maior feira de tecnologia industrial do mundo, na cidade de Hannover. “Lula aproveitou a oportunidade para convidar Merz a realizar visita de Estado ao Brasil”, escreveu a Presidência da República.
Os dois líderes assumiram o compromisso de continuar atuando pelo fortalecimento do multilateralismo e do papel da Organização Mundial do Comércio.