ROMA, 23 AGO (ANSA) – A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, acredita que os incêndios na Amazônia são “uma situação de grave emergência” que precisa ser discutida na Cúpula do G7, informou hoje (23) Berlim. “Os incêndios na Amazônia são terríveis e perigosos não somente para o Brasil e todos os países envolvidos, mas para o mundo inteiro, porque a floresta é de grande importância para o sistema global climático”, disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira. “Não é exagerado definir a Amazônia como o pulmão verde do mundo”, completou. Ontem, o presidente da França, Emmanuel Macron, tinha sugerido que as queimadas na Amazônia fossem um dos temas da reunião dos chefes de Estado e de Governo dos sete países mais ricos do mundo que começa amanhã, em Biarritz, no sul da França. “Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% do nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional”, escreveu o mandatário em sua conta no Twitter. “Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência”, propôs. Após a crítica de Macron, outros líderes também se uniram para fazer apelos por uma reação do governo brasileiro contra os episódios de incêndio e desmatamento na Amazônia.   

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, foi um dos que endossaram o discurso. “Não poderia deixar de concordar.   

Trabalhamos muito para proteger o meio ambiente no G7 do ano passado, em Charlevoix, e precisamos continuar neste fim de semana”, disse o político pelas redes sociais. “Nossas crianças e netos contam com a gente”. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, informou que conversou ontem com o presidente Jair Bolsonaro e ofereceu ajuda para controlar os incêndios na Amazônia. “Ofereci a Jair Bolsonaro ajuda a este país irmão e amigo para combater com maior eficácia e força os graves incêndios florestais que afetam a Amazônia”, contou o mandatário. “Também espero conversar com o presidente da Bolívia, Evo Morales, para fazer a mesma proposta de ajuda”. Na área da Amazônia que fica em território boliviano, três semanas consecutivas de incêndio consumiram mais de 500 mil hectares de floresta em Santa Cruz.   

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia também expressou “preocupação” pelos “múltiplo incêndios” registrados na Amazônia e apoiou o chamado internacional para conter o que chamou de “catástrofe ambiental”. “Nós unimos a chamado urgente da região e da comunidade internacional para usarmos todos os esforços necessários para conter essa catástrofe que está provocando danos irreversíveis aos ecossistemas, à estabilidade do clima, à biodiversidade, aos recursos hídricos e às comunidades indígenas”, ressaltou a Chancelaria, completando que “a tragédia na Amazônia não tem fronteiras”, pois compromete o clima de várias nações, entre elas a Colômbia. Reação – O governo brasileiro não recebeu bem as pressões internacionais. No Twitter, Bolsonaro acusou Macron de tentar “instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais”. “O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema”, postou o presidente. “O governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca a mentalidade colonialista descabia do século XXI”, criticou. Um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, cujo nome tem sido cotado para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, também atacou o líder francês, publicando um vídeo no Twitter cujo título chamava Macron de “idiota”. (ANSA)