A chanceler alemã, Angela Merkel, rejeitou nesta quinta-feira(02) a possibilidade de adiar um acordo sobre o multimilionário plano de recuperação discutido atualmente pela União Europeia (UE), dada a urgência em elevar a economia da região.

“Temos que chegar a um acordo durante o verão [boreal], não consigo imaginar outra opção”, disse Merkel, cujo país acaba de assumir a presidência temporária da UE por seis meses.

Os 27 líderes da UE vão se reunir em Bruxelas nos dias 17 e 18 de julho, na primeira cúpula presencial desde o confinamento, para discutir o plano de 750 bilhões de euros (840 bilhões de dólares) proposto pela Comissão Europeia.

Um grupo de países adeptos ao rigor fiscal, apelidado de “os frugais”, tenta conter os gastos, destinados principalmente aos países do sul do bloco, os mais afetados pela pandemia de COVID-19.

Os Países Baixos, Áustria, Dinamarca e Suécia insistem que os fundos sejam concedidos principalmente através de empréstimos com condições rigorosas, em vez de doações não reembolsáveis, conforme reivindicado pela Espanha e Itália.

Outros países sustentam que o plano da Comissão, baseado em uma emissão da dívida, aloca mal o dinheiro, direcionando muito aos países que não estiveram na linha de frente da crise de saúde.

“Cada dia é crucial” e “para ter sucesso nesta enorme tarefa, cada Estado-Membro deve olhar além de seus próprios interesses”, disse Ursula von der Leyen, chefe da Comissão, em entrevista virtual com Merkel.

Após o plano apresentado pela Comissão, que também inclui o futuro orçamento da UE para 2021-2027, o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, deve apresentar uma proposta abordando os aspectos de ambos para tentar alcançar a unanimidade dos 27.

Michel multiplicou os contatos com líderes europeus nos últimos dias e Leyen anunciou nesta quinta-feira uma reunião em 8 de julho em Bruxelas com Merkel, o chefe do Conselho Europeu e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.

Segundo uma fonte europeia, a proposta finalizada por Michel planeja manter o volume do plano de recuperação e reduzir levemente o do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 proposto em fevereiro, que obteve uma rejeição geral.

O montante do QFP seria, portanto, abaixo de 1.094 trilhões de euros, mas acima de 1.050 trilhões, o menor valor solicitado por um dos 27 países.

As consultas são “positivas”, mas “sempre difíceis”, disse a fonte.