Angela Merkel prometeu neste domingo ir até o fim de seu próximo mandato de chanceler na Alemanha, apesar de uma crise sem precedentes em seu partido conservador, onde muitos a acusam de fazer muitas concessões para permanecer no poder.

Enquanto muitos em seu partido democrata-cristão, a CDU, a convidam a se preparar para sua sucessão, a chanceler descartou deixar a política nos próximos quatro anos.

“Eu me comprometi com a população por quatro anos e naturalmente essa promessa será respeitada”, afirmou ao canal de televisão público ZDF.

Angela Merkel também refutou a crescente impressão de desgaste e declínio após mais de doze anos à frente da primeira economia europeia.

“Não, não é minha impressão”, disse ela, apesar de reconhecer que seu partido “começa a se questionar depois de doze anos na Chancelaria”.

Angela Merkel se viu fragilizada após o descontentamento da opinião pública provocado pela chegada de mais de um milhão de migrantes desde 2015, e depois por um resultado muito decepcionante para o seu partido nas eleições legislativas de setembro – o pior desde a década de 1950.

Agora enfrenta um início de rebelião na CDU. Em questão: as concessões que fez ao concluir na quarta-feira um acordo com o partido social-democrata, permitindo-lhe obter uma maioria e um quarto mandato à frente do governo.

A chanceler cedeu ao SPD o ministério das Finanças, percebido na CDU como o garantidor da disciplina orçamentária. Uma concessão “dolorosa”, segundo reconheceu neste domingo.

A influente revista Der Spiegel resumiu a situação este fim de semana com um desenho na capa mostrando a chanceler completamente despojada depois de ter todas as suas roupas roubadas pelo SPD.

Além disso, “um líder de partido responsável também deve pensar sobre sua sucessão, mas não ouvimos nada sobre esse assunto”, acusou outro rebelde, Christean Wagner.

O terremoto experimentado pela Alemanha nas eleições legislativas com o recuo dos partidos tradicionais e o avanço da extrema direita, o que complicou a formação de uma maioria, continua a criar tremores em uma paisagem política em recomposição.

Os militantes do SPD terão a última palavra sobre o acordo de coalizão com os conservadores e, portanto, o futuro de Angela Merkel: eles ainda devem decidir no início de março por referendo interno e o resultado permanece incerto.