A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, defenderam nesta quarta-feira (24), em Davos, uma globalização mais justa, na véspera da chegada do presidente americano Donald Trump ao fórum suíço.

“A França está de volta”, garantiu Macron, num discurso aplaudido por líderes políticos e econômicos do mundo todo.

O francês falou a uma audiência favorável, após um encontro nesta segunda-feira no Palácio de Versalhes, perto de Paris, com grandes empresários do mundo todo, numa tentativa de fortalecer a atratividade econômica do país após suas reformas.

Muitos deles estavam também nesta quarta em Davos. Alguns, como os diretores do Goldman Sachs e da Google, não pouparam elogios às reformas trabalhista e tributária de Macron.

O mandatário falou primeiro em inglês e depois em francês por quase uma hora. Ele pediu “um novo contrato mundial”, reconhecendo que nem sempre a globalização é justa para todos.

Sem esse contrato, alertou, “os extremistas vão vencer, dentro de dez ou 15 anos, em todos os países”.

Ele ainda pediu às multinacionais, muitas deles presentes na luxuosa estação de esqui nos Alpes suíços, que “renunciem à otimização fiscal” para pagar menos impostos.

Pouco antes, Merkel afirmou que “o protecionismo não é a melhor solução” para os problemas do mundo”.

“Se achamos que as coisas não são justas, que os mecanismos não são recíprocos, então temos que encontrar soluções multilaterais, e não unilaterais”, disse a chanceler no Fórum Econômico Mundial (WEF), numa referência clara à delegação americana que começou a chegar nesta quarta-feira.

O dia também foi marcado por um discurso do presidente Michel Temer, que anunciou um “novo Brasil” graças às reformas econômicas de seu governo.

Pela primeira vez um rei da Espanha, Felipe VI, foi a Davos, onde defendeu a imagens de um país com grandes atrativos econômicos e onde “as leis são cumpridas”, em referência à crise na Catalunha, que tem consequências para a economia.

– Duas visões de mundo –

A China, bem como a Índia e o Canadá, se uniu ao coro de vozes em defesa do livre-comércio e prometeu novas reformas para continuar a abrir sua economia.

“Vamos nos opor a qualquer forma de protecionismo. A abertura é crucial, não apenas para a China, mas para o mundo inteiro”, disse Liu He, conselheiro econômico do presidente Xi Jinping.

Com a chegada de Trump para um discurso na sexta-feira, duas visões de mundo vão se chocar em Davos, em meio a um contexto de crescimento econômico sólido a nível global.

Em seu estilo tradicional, Trump prometeu que vai ser “o melhor vendedor” de seu próprio país na Suíça. Muitos membros de seu gabinete começaram a chegar nesta quarta à estação de esqui, onde os helicópteros não paravam de voar.

O secretário americano de Tesouro foi um deles. Ele garantiu que Trump “quer trabalhar com o resto do mundo”, mas sem deixar de lado os interesses americanos.

Também destacou que do dólar fraco é benéfico para os Estados Unidos e suas exportações. Imediatamente, o valor da moeda americana caiu nos mercados de divisas.

Já o secretário americano de Comércio, Wilbur Ross, adotou um tom mais belicoso. “Faz muito tempo que há guerras comerciais. Mas, agora, a diferença é que as tropas americanas vão à frente”, garantiu.