Brasília - Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante coletiva sobre o rebaixamento da nota do Brasil pela agência S&P (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Acordo pode ser concluído após saída do Reino Unido da União Europeia, diz o ministro Henrique Meirelles Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Mercosul e o Reino Unido negociam um acordo de livre comércio que pode ser implementado após a saída do país da União Europeia, disse hoje (22) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O ministro deu as declarações na residência do embaixador brasileiro em Londres após reunião com o ministro de Finanças do Reino Unido, Philip Hammond.

“[O acordo] poderá ser efetivado depois do Brexit [processo de saída do Reino Unido da União Europeia], mas as negociações estão andamento. A negociação formalmente será Mercosul com Reino Unido. É o interesse maior ainda”, afirmou Meirelles, em entrevista coletiva cujo áudio foi divulgado pelo Ministério da Fazenda.

As negociações de um tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) se arrastam há vários anos. No fim do ano passado, as duas partes avançaram nas discussões, mas a assinatura do acordo foi adiada para este ano.

Por causa do Brexit, o Mercosul terá de negociar um acordo comercial separado com o Reino Unido. Caso o tratado de livre comércio com a UE saia do papel neste ano, o Reino Unido deixará de se beneficiar com o acordo assim que sair do bloco econômico.

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Meirelles fez uma escala em Londres para participar de reuniões de negócios com investidores e o ministro das Finanças britânico antes de seguir para o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Neste ano, o presidente Michel Temer também estará no fórum, que reúne políticos, empresários, investidores e banqueiros todos os anos em janeiro.

Rebaixamento

Sobre o rebaixamento da nota brasileira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), o ministro da Fazenda reafirmou que o governo continuará trabalhando para que a economia cresça 3% e crie 2,5 milhões de empregos formais este ano. Ele, no entanto, disse que a aprovação da reforma da Previdência, cuja votação está prevista para 19 de fevereiro, é essencial para que as estimativas sejam alcançadas.

“Acreditamos que será aprovada [a reforma da Previdência]. É uma necessidade. O que se discute não é se haverá uma reforma da Previdência, mas quando haverá. Idealmente, agora em fevereiro. Se não for agora, depois. Que será feita, não tem dúvida, porque a situação atual de evolução das despesas e do déficit da Previdência não é sustentável no médio e no longo prazos”, disse Meirelles. Segundo o ministro, as chances de aprovação da reforma em fevereiro são superiores a 50%.

Caixa

O ministro da Fazenda considerou um avanço muito grande a aprovação do novo estatuto da Caixa Econômica Federal, na última sexta-feira (19). O estatuto restringe as indicações políticas de vice-presidentes e de diretores da instituição financeira, cujos nomes passarão a ser avaliados pelo Conselho de Administração do banco. Quanto à necessidade de injetar R$ 15 bilhões para capitalizar a Caixa, Meirelles disse que o governo está procurando alternativas para evitar usar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como a possibilidade de que o banco não distribua dividendos ao Tesouro Nacional este ano para ampliar o capital.

“O que eu tenho dito é que existe a possibilidade de que a capitalização não demande o uso dos fundos do FGTS. Porque a Caixa tem fontes outras de capitalização, seja na área de retenção de dividendos, ou cessão de carteiras [venda de operações de crédito para outros bancos], tem uma série de coisas em andamento”, concluiu o ministro.


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