Os mercados reagiram com otimismo à eleição para a Presidência da Argentina do ultraliberal Javier Milei, que nesta terça-feira (21) teve uma primeira reunião com o presidente Alberto Fernández para coordenar a transição e a posse no dia 10 de dezembro.

A Bolsa de Valores de Buenos Aires fechou em alta de 17,7% nesta terça-feira, primeiro dia útil após o segundo turno presidencial em que Milei venceu com 55,7% dos votos o ministro da Economia, o peronista Sergio Massa.

As ações da petrolífera estatal YPF lideraram este aumento, com valorização de 36,5%. Esta é uma das empresas que o presidente eleito anunciou que iria privatizar no âmbito de uma ampla reforma do Estado.

“Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado estará nas mãos do setor privado”, garantiu Milei após a vitória. O presidente eleito também prometeu reduzir o gasto público em 15%.

As outras ações que impulsionaram o desempenho da bolsa foram as da companhia telefônica privada Telecom Argentina (33,8%).

Segunda-feira foi feriado na Argentina e os mercados não funcionaram. Mas as ações argentinas listadas em Wall Street já haviam disparado, com a YPF na liderança (+40%).

A taxa de câmbio informal, conhecida como “dólar blue”, teve um salto de mais de 13%, sendo negociada a 1.075 pesos por dólar. O câmbio oficial, por sua vez, fechou em 371,50 pesos por dólar, continuando sua trajetória ascendente como resultado das microdesvalorizações diárias.

Ainda em outubro, o “blue” já havia ultrapassado a barreira psicológica dos 1.000 pesos, mas depois voltou a cair, girando em torno de 950.

A Argentina aplica um sistema de controle cambial desde 2019, com diversas taxas de câmbio funcionando em paralelo, uma situação que Milei pretende eliminar.

A inflação anualizada atingiu 143% em outubro e a pobreza atinge 40% da população.

“O país enfrenta há muitos anos uma deterioração cada vez maior dos seus desequilíbrios macroeconômicos estruturais”, alertou a economista Elisabet Bacigalupo à AFP, que, no entanto, considera que o presidente eleito “tem muitas oportunidades que pode capitalizar”.

 

– Transição –

 

Nesta terça-feira, Milei teve sua primeira reunião com o presidente Alberto Fernández para coordenar a transição de governo, assim como a posse, marcada para 10 de dezembro.

O encontro se prolongou por quase duas horas, sem que nenhum dos dois fizesse declarações à imprensa.

Milei, economista que ficou conhecido como comentarista de programas de TV, entrou na política há apenas dois anos, quando foi eleito deputado com um discurso virulento contra a classe dirigente.

O seu partido, A Liberdade Avança, tem apenas sete dos 72 senadores e 38 dos 257 deputados, após as eleições parlamentares parciais de outubro.

Mas, no segundo turno das eleições, Milei conseguiu o apoio do ex-presidente Mauricio Macri (2015-19) e da ex-candidata presidencial Patricia Bullrich, da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, a segunda força parlamentar que, no entanto, acabou rachada por esta decisão.

 

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