A produção, as apreensões e o consumo de cocaína atingiram níveis históricos em 2023, informou a agência da ONU sobre drogas nesta quinta-feira (26), relatando um aumento nos cultivos ilegais na Colômbia.
A produção disparou para 3.708 toneladas, quase 34% a mais que em 2022, quantidade 10 vezes maior que a registrada uma década antes, quando atingiu o menor nível, revelou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) em seu relatório anual.
O aumento se deve principalmente à ampliação da superfície dedicada ao cultivo ilícito de coca na Colômbia e aos dados atualizados de produtividade no país andino, afirmou o UNODC, sediado em Viena.
“Em contraste, a área dedicada à produção de folha de coca no Estado Plurinacional da Bolívia se estabilizou em 2023, enquanto a área dedicada à produção de folha de coca no Peru diminuiu ligeiramente”, observou o relatório.
Na Colômbia, principal produtor de cocaína, o UNODC registrou 253.000 hectares de cultivo de folha de coca.
Em um relatório de outubro de 2024, a agência informou que 2.600 toneladas de cocaína foram produzidas na Colômbia em 2023, um aumento de 53% em relação ao ano anterior.
As regiões da Colômbia com maior aumento líquido no cultivo estão no sudoeste do país, onde há redutos de dissidentes da ex-guerrilha Farc, que não assinaram o acordo de paz e controlam os negócios milionários e o cotidiano de grandes áreas rurais.
O UNODC indicou que o volume de apreensões registradas no mundo também atingiu um recorde de 2.275 toneladas, 68% acima dos quatro anos anteriores a 2023. O número de usuários chegou a 25 milhões, frente a 17 milhões dez anos antes.
“A cocaína virou moda em sociedades mais ricas”, disse Angela Me, diretora de pesquisa do UNODC, observando que existe um “ciclo vicioso” entre o aumento do consumo e da produção.
A Colômbia continua sendo o principal produtor, mas os traficantes conseguiram penetrar em novos mercados na Ásia e na África, indica o relatório.
“A violência e a competição que caracterizam o mercado ilícito de cocaína, antes restrito à América Latina, estão se espalhando para a Europa Ocidental, à medida que grupos do crime organizado dos Bálcãs Ocidentais aumentam sua influência no mercado”, disse a agência da ONU em um comunicado.
O UNODC destacou que o tráfico de cocaína tem sido particularmente visível entre organizações criminosas que operam no continente americano.
A agência citou como exemplo o aumento da violência no Equador, onde a taxa de homicídios subiu de 7,8 por 100.000 habitantes em 2020 para 45,7 por 100.000 habitantes em 2023.
Em relação ao consumo, estimou que 6% da população de 15 a 64 anos usou alguma droga em 2023, frente a 5,2% em 2013.
As apreensões de estimulantes da família das anfetaminas também atingiram um recorde em 2023 e representam quase metade das apreensões mundiais de drogas sintéticas, seguidos por opioides sintéticos, incluindo o fentanil, informou o UNODC.
A queda de Bashar al-Assad na Síria em dezembro criou “incerteza sobre o futuro do tráfico de drogas”, observou.
No início deste mês, a Síria informou que as novas autoridades interinas interditaram todas as instalações de produção do estimulante ilícito que se tornou o principal produto de exportação da Síria durante a ditadura de Assad.
“Os dados mais recentes sobre mercadorias apreendidas, referentes a 2024 e 2025, confirmam que o captagon continua em circulação, principalmente em países da Península Arábica, o que pode indicar a liberação de estoques previamente acumulados no mercado ou a continuação da produção em diferentes locais”, afirmou a agência.
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