É consenso no mercado que a taxa Selic deve chegar a 8,25%, do atual nível de 9,25%, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, que terminará nesta quarta-feira, 6, conforme todas as 55 estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast.

No curtíssimo prazo, a avaliação é de que a conjuntura econômica que permitiu ao Banco Central (BC) reduzir a Selic em um ponto porcentual na reunião de julho continuam presentes. Além disso, o baixo dinamismo econômico pode, segundo economistas, permitir novo corte dessa magnitude para estimular a atividade.

A única preocupação é o cenário fiscal conturbado, mas os analistas acreditam que essa incerteza provoca cautela em relação ao patamar da Selic no fim do ciclo de queda ou até mesmo no novo ciclo de alta que alguns já têm no radar, mas não deve afetar os planos imediatos do BC.

A incerteza cada vez maior em relação à aprovação da reforma da Previdência em 2017 se insere nesse cenário. “A aprovação da reforma este ano ajudaria no sentido de não ter que elevar a taxa de juros no futuro ou de não ter de aumentá-la tanto. Mas, para o momento atual, não tem muito influência. O determinante agora é a queda da inflação e a necessidade de estimular a atividade”, afirmou o economista Daniel Gomes da Silva, do Modal Asset Management.

A economista Camila Abdelmalack, da CM Capital Markets, lembra que o ambiente que o BC vai encontrar nesta reunião é muito mais estável que em julho, quando a incerteza sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer contaminava o cenário.

Isso reforça, segundo ela, que o espaço para manutenção do ritmo de recuo continua aberto. “Não houve nenhuma alteração negativa no quadro que justificasse uma redução do ritmo corte e, então, O BC deve aproveitar essa desaceleração da inflação para mantê-lo.”

Além disso, embora avalie que o final do ciclo de queda está se avizinhando, com a taxa terminando em 7,25%, a sinalização do BC é de que não é necessário diminuir a velocidade de queda dos juros para indicar a proximidade do ponto final, de acordo com a economista da CM Capital.

Na reunião trimestral do BC com o mercado, o diretor de Política Econômica, Carlos Viana, teria afirmado que o Banco Central não necessariamente precisa encerrar o ciclo de alívio monetário em “escadinha”, em referência à suavização da magnitude dos cortes. “Mesmo próximo do final do ciclo, o BC pode cortar um ponto, porque agora temos esse respaldo do Viana”, afirma Camila.

A decisão do Copom de reduzir a Selic em um ponto porcentual em setembro parece dada, avalia a economista Natalia Cotarelli, do Banco ABC Brasil. A dúvida, pondera, deve ficar por conta do comunicado. “A discussão é se haverá ou não alguma sinalização em relação aos próximos passos do Copom”, afirma.

A tranquilidade no cenário externo é outro argumento usado pela economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, para justificar a aposta de manutenção do ritmo de queda da Selic. A economista ainda afirma que a sinalização de que a Taxa de Longo Prazo (TLP) será aprovada no Congresso é favorável ao BC, mas que tudo ainda está condicionado ao quadro fiscal.

“No curto prazo, o fiscal não pode mudar e há risco significativo de não sair a reforma da Previdência, mas o mercado está bem tranquilo. O que mercado está precificando é que vamos continuar com presidente reformista em 2019. Além disso, o cenário internacional está bom e a inflação baixa”, justifica.