03/09/2019 - 12:33
Nem a demanda doméstica nem o setor externo estão favorecendo o desempenho da produção industrial no País, segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção industrial encolheu 0,3% na passagem de junho para julho, acumulando uma perda de 1,2% em três meses consecutivos de quedas. As informações são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física.
“Essa terceira queda seguida sugere que o setor industrial está bem longe de alguma tendência de recuperação”, avaliou Macedo. “Observando algumas estatísticas que tentam mensurar o nível de estoques, alguns setores estão com níveis de estoques elevados. Pode ter ocorrido algum tipo de aceleração da produção em meses anteriores, e depois um freio de arrumação. Acaba sendo um dado importante, já que nossa demanda doméstica não tem conseguido absorver essa maior produção”, acrescentou.
O pesquisador menciona como entraves ao escoamento da produção industrial o mercado de trabalho ainda em dificuldades, com elevado patamar de desempregados e subutilizados; a renda do trabalho sem crescimento; e o ambiente de incerteza adiando decisões de consumo por parte das famílias.
“(Esses fatores) Nos ajudam a entender porque a produção industrial mostra menos intensidade. Adicionalmente, tem toda uma leitura de cenário externo não favorável”, disse Macedo.
Com as perdas recentes, a indústria brasileira voltou a operar no mesmo patamar de uma década atrás, em nível semelhante ao de janeiro de 2009, época da crise econômica internacional.
“O final de 2008 foi bem marcado pela crise econômica internacional. Então o setor industrial teve uma perda importante naquele período. E teve algum tipo de melhora no início de 2009, mas, dada a perda de produção, era um patamar muito baixo. O que a gente produz hoje é suficiente para atender a demanda existente dez anos atrás”, lembrou André Macedo.