O mercado de trabalho nos Estados Unidos se manteve bastante sólido em novembro, com criação de empregos acima do esperado e desemprego estável, apesar dos esforços do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) para desacelerar a atividade econômica e conter a inflação – indicam dados oficiais.
Em novembro, foram criados 263.000 postos de trabalho nos Estados Unidos, bem acima dos 200 mil estimados pelos analistas.
“Houve um aumento de emprego notável no setor de lazer e hotelaria, saúde e governo. O emprego diminuiu no comércio varejista e nos transportes e logística”, detalhou o Departamento do Trabalho em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (2).
Em outubro, foram criadas 284.000 vagas, de acordo com dados revisados para cima, mas a criação de empregos em setembro foi revisto para baixo, 269.000, contra os 315.000 inicialmente anunciados. Nesses dois meses, foram criados 23.000 postos de trabalho a menos do que o inicialmente anunciado.
A taxa de desemprego em novembro permaneceu estável, em 3,7%, perto do mínimo histórico de 3,5%. O número está alinhado com o que era esperado pelos analistas.
“Os dados indicam um impulso positivo contínuo no crescimento do emprego e salários ainda altos”, comentou Rubeela Farooqi, economista da HFE, em uma nota de análise.
O salário médio por hora dos trabalhadores do setor privado aumentou 18 centavos, para US$ 32,82. Nos últimos 12 meses, os salários aumentaram 5,1%.
Em relação ao aumento dos salários, o presidente Joe Biden disse à imprensa, nesta sexta, que “as coisas se movem na direção correta”.
A excelente saúde do mercado de trabalho traz dúvidas sobre o combate à inflação liderado pelo Fed. Paradoxalmente, é desejável um aumento do desemprego que permita reduzir as pressões sobre os preços pela via da demanda de bens e serviços, e os salários.
A Bolsa de Nova York reagiu negativamente aos dados do mercado de trabalho, surpreendida por números muito melhores do que o esperado, o que modera a expectativa de que o Banco Central reduza a intensidade do ajuste monetário em curso.
– Demissões no setor da tecnologia –
Os empregadores com sede nos Estados Unidos anunciaram quase 77.000 demissões em novembro, um aumento de 127% em relação a outubro, de acordo com pesquisa da consultoria Challenger, Gray & Christmas publicada na quinta-feira (1º).
O nível de postos de trabalho perdidos desde o início do ano (320.173) continua sendo, no entanto, um dos mais baixos desde que esse estudo começou a ser publicado, em 1993.
Há uma exceção. Depois de um período de intensa contratação, desde o início da pandemia, graças ao aumento do uso de serviços on-line, o setor da tecnologia agora sofre um revés. É nele que acontecem, de longe, as maiores demissões, responsáveis por quase dois terços dos cortes de empregos do país no mês passado.
As empresas de tecnologia registraram, inclusive, seu nível mais alto de demissões em 20 anos, de acordo com o estudo. Várias empresas do Vale do Silício, como Meta, Twitter, Lyft e HP, anunciaram recentemente dramáticos cortes de pessoal. A gigante do comércio eletrônico Amazon congelou as contratações em seus escritórios e também poderá demitir funcionários, segundo informações da imprensa americana.
Apesar da recuperação do crescimento no terceiro trimestre, a recessão ainda ameaça a maior economia do mundo. E os sinais são mistos. Por um lado, o consumo se mantém sólido e o emprego permanece muito sólido. Por outro, a atividade manufatureira sofreu contração em novembro pela primeira vez desde maio de 2020, mostrou o índice ISM, divulgado na quinta-feira.
O presidente do Fed, Jerome Powell, mostrou-se otimista na quarta-feira em relação às possibilidades de a inflação voltar a um nível saudável para a economia, sem mergulhar os Estados Unidos em uma recessão.
O Fed tem como meta uma inflação anual de 2%.