O chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, destacou nesta sexta-feira, 26, que, em setembro, o mercado de crédito manteve a tendência de recuperação observada nos últimos meses. Ele citou que, considerando o crédito livre e o crédito direcionado, houve crescimento de 3,9% no saldo de crédito no acumulado de 12 meses até setembro. Esta é a maior variação porcentual em 12 meses desde fevereiro de 2016.

No caso específico do crédito livre, houve alta de 9,7% no saldo de crédito nos 12 meses até setembro, a maior variação porcentual desde maio de 2013.

“O crescimento do crédito ocorre principalmente no segmento com recursos livres”, disse Baldini. “Observamos também desaceleração no declínio do crédito direcionado. A evolução do direcionado tem caminhado para uma estabilização”, acrescentou. Nos 12 meses até setembro, houve recuo de 2,0% do saldo do crédito direcionado.

Concessão

O chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central explicou que um dos principais motivos para o recuo de 10,1% das concessões de crédito em setembro é o fato de o mês passado ter tido quatro dias úteis a menos, na comparação com agosto.

De acordo com os dados do BC, porém, as concessões no acumulado de 12 meses até setembro subiram 10,2% e, no acumulado de 2018, avançaram 11,2%, o que está em conformidade com o processo de recuperação do crédito.

Considerando apenas as operações com crédito livre (sem recursos da poupança e do BNDES), as concessões cederam 8,9% em setembro. No ano, o avanço está em 12,7% e, em 12 meses, em 11,8%.

Segundo Baldini, no entanto, se forem retirados dos dados de concessão as operações de crédito rotativo (cartão e cheque especial), que possuem prazos menores, o crescimento das concessões no crédito livre foi de 18,9% no acumulado de 2018 e de 20,2% em 12 meses até setembro.

Inadimplência

O chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC destacou que a inadimplência registrada nas operações de crédito com recursos livres (sem recursos da poupança e do BNDES) em setembro, de 4,1%, é a menor da série histórica do BC.

“Houve crescimento da inadimplência nos últimos anos, com aumento importante no caso das pessoas jurídicas”, pontuou Baldini. “Mas houve um processo intenso de repactuações, de renegociações. E este processo se consolidou”, acrescentou.

Segundo ele, boa parte das dívidas foram renegociadas e, agora, as taxas de juros estão em níveis mais baixos. “No caso das pessoas físicas, a redução da inadimplência vem ocorrendo de forma constante desde 2016”, afirmou. “Nas pessoas jurídicas, a inadimplência avançou até o ano passado, mas vem caindo desde então.”

De fato, os dados do BC mostram que, em maio de 2017, a inadimplência para empresas nas operações com recursos livres estava em 6,0%. No mês passado, ela atingiu praticamente metade disso, chegando a 3,1%.

Juro livre

O juro médio praticado nos empréstimos para pessoa física subiu 0,4 ponto porcentual no mês de setembro. A alta foi a maior entre os grandes segmentos do mercado de crédito acompanhados pelo Banco Central. O aumento ocorreu pela atuação mais forte de financeiras que cobram juros maiores no cartão de crédito e também pelo maior uso dessas operações mais caras, como o rotativo do cartão.

“Houve participação mais alta de algumas instituições com taxas mais altas em determinadas modalidades”, disse Baldini.

O técnico explica que financeiras concederam mais crédito no mês passado e em operações mais caras, o que acabou elevando o juro médio de todo o mercado.

Esse efeito, explicou, foi potencializado ainda pelo maior uso das linhas mais caras. A concessão de crédito no rotativo não-regular, por exemplo, cresceu 0,4% no mês passado na comparação com agosto e o uso do parcelado do cartão aumentou 2,1%. Operações mais baratas, ao contrário, caíram.

O crédito pessoal tiveram queda de 14,8% nas concessões do mês. “Houve efeito da composição, já que foi registrada oscilação da participação em cada componente”, disse.