Embora não seja visto da mesma forma que outros setores produtivos, o artesanato é um mercado que movimenta em torno de R$ 100 bilhões por ano no Brasil, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo levantamento do Sebrae. E a modalidade vem crescendo, sobretudo desde o início da pandemia, quando as pessoas passaram a buscar atividades para ocupar o tempo, se sentir bem e gerar renda em casa.

Trabalhando ao lado de diversos artesãos, criadores de conteúdo na internet, Elvis Rodrigues, CEO da holding Coprodutor Digital, explica que a busca pelo bem-estar e a ressignificação do consumo intensificou a procura por produtos produzidos manualmente, no sentido de elevar a sensação de ser único, feito sob medida, além de potencializar memórias afetivas e significado ao utilizar o produto.

“O artesanato também está em alta porque vivemos no tempo do consumo sustentável e consciente”, afirma o empresário. “As peças valorizam a cultura do País, o trabalho manual e a ambientação. Tudo isso faz parte de uma economia mais centrada no ser humano, e menos nos processos fabris”, acrescenta.

Tendências do setor

Elvis Rodrigues fundou a empresa do ramo de negócios digitais para alavancar produtores de conteúdo. O empreendimento de educação online, se encaixou em muito bem no nicho de artesanato. Hoje, a holding congrega vários influenciadores, artesãos que atuam nos nichos de costura criativa, cosméticos criativos e saboaria, encadernação, cianotipia, lettering e artes em paredes, ilustrações, desenho, pintura em tecidos e arte sacra.

Segundo o empresário, os setores de papelaria, decoração, e moda são os principais beneficiados pelo crescimento do artesanato.

“A moda e o design de interiores ganham em estética e muito mais significado, quando se pensa na ideia de ‘feito à mão’. A peça tem uma história, como se fosse um item único ou produzido com alma”, ressalta.

No caso do vestuário, Rodrigues indica que o segmento slow fashion (ou “moda lenta”) vem atraindo cada vez mais adeptos, pois as relações de consumo exigem mais cuidado e transparência no que diz respeito ao método de produção.

“A moda que se conecta ao artesanato é, além de autoral, objeto de identidade de um povo. E, hoje em dia, todos buscamos raízes e significados para a nossa existência”, afirma.

Já o design de interiroes se engrandece na composição de ambientes, mediante a disposição de peças exclusivas, as quais integram a decoração dos cômodos.

“Estão em alta tapetes, teto de bambu, quadros e paredes personalizadas, cestarias e peças feitas à mão. O artesanato é a melhor forma de transmitir cultura para dentro dos ambientes internos, combinando instalações planejadas e peças habilmente delineadas”, assegura.

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Elvis Rodrigues trabalha com diversos tipos de artesãos

Por fim, Rodrigues aponta que as redes sociais são, atualmente, grandes parceiras dos artesãos.

“Imagine sua casa decorada com uma linda pintura em paredes, quadros personalizados com cianotipia (arte feita com a luz do sol), o cheiro delicioso do seu lar, sua roupa em sintonia com sua identidade, uma bolsa que é a sua cara, e você saindo para um compromisso anotado em sua agenda… Tudo feito artesanalmente. Desde o aroma da sua casa, até sua agenda com a foto da sua família na capa. Isso é significado, isso é artesanato, isso é o reflexo do Brasil”, diz.

“Esquece aquela ideia de que você só encontra artesanato em feirinhas nos centros das cidades. Com divulgação nas plataformas digitais, venda por sites de comércio eletrônico e entrega por sistemas de logística eficientes, nunca foi tão vantajoso investir nesse segmento”, finaliza.