Depois da forte corrida às compras de ações na segunda-feira, 8, como reflexo da euforia com os resultados do primeiro turno das eleições, os investidores reduziram o ímpeto comprador e o Índice Bovespa perdeu fôlego. Ainda assim, o índice oscilou em terreno positivo na maior parte do dia, embora tenha fechado estável, aos 86.087,55 pontos.

Os investidores mantiveram o otimismo com a vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) e a formação do Congresso aparentemente mais favorável a uma pauta reformista. As atenções agora voltam a se concentrar na divulgação de pesquisas de intenção de voto, para que se possa confirmar a aposta de vitória do candidato do PSL. Além disso, começaram a ganhar espaço as especulações e sinalizações em torno da equipe econômica e ministerial de um eventual governo do PSL.

Hoje, por exemplo, Bolsonaro disse no Twitter que “quem sabe” o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) assumiria como ministro da Casa Civil. Lorenzoni já se posicionou contrário à reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer, mas esse histórico não foi precificado no mercado. “A situação fiscal do País é tão grave que não existe espaço para ministros que não estejam alinhados à pauta reformista. O cenário atual é outro”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora. Para ele, a curiosidade maior do mercado gira em torno da equipe econômica e dos presidentes do BNDES e das estatais.

Na análise por ações, o destaque ficou por conta dos papéis de empresas do setor de commodities, estas com influência do mercado internacional. Petrobras ON e PN subiram 1,85% e 0,83%, apoiadas em boa parte pela valorização dos preços do petróleo nas bolsas de Nova York e Londres. A commodity avançou em meio aos temores de redução das exportações do Irã, devido às sanções americanas. A alta dos preços do minério de ferro e das commodities metálicas favoreceu a alta de 1,07% da Vale.

Ainda entre as ações que fazem parte do “kit Brasil”, tiveram alta os papéis da Eletrobras (+3,68% na ON e +0,15% na PNB), mas os do Banco do Brasil recuaram (-0,51%), em um movimento atribuído à realização de lucros.

“Aqui dentro, o mercado manteve a expectativa pela pesquisa Datafolha (prevista para esta quarta-feira). Mas o cenário externo também pesou nos negócios, uma vez que ainda preocupam questões como o orçamento italiano e o aperto monetário do Federal Reserve”, disse Vítor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.