O mercado financeiro está dando o benefício da dúvida para o governo de Michel Temer e aposta na aprovação de uma reforma da Previdência desidratada para ver qual será a próxima configuração política e como o próximo governo tratará a questão fiscal, segundo o vice-presidente de investimentos da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello.

Newton Camargo Rosa, economista-chefe, acrescentou que o mercado já esperava algum tipo de negociação. “Talvez este ajuste (na proposta de) reforma da Previdência esteja um pouco mais forte”. Ele citou ainda que o mercado começa a desconfiar que o governo não está tão forte e a Lista de Fachin também trouxe a tona muitas incertezas em relação a política.

“O mercado está comprando reforma desinflada e ver qual é a nova configuração política para ver se a solvência será feita via aumento de impostos e por uma nova reforma da Previdência”, disse Mello.

Camargo Rosa acrescentou que, nesse sentido, o mercado tem tolerado um esvaziamento de até 60% do efeito positivo sobre as contas do Tesouro que a reforma teria se fosse aprovada 100% como originalmente apresentada. O economista disse ainda que essa expectativa é acompanhada por previsões de que a economia irá crescer ainda que pouco este ano e que a taxa de juro irá ceder. A projeção da SulAmérica para o PIB é de expansão de 0,3% em 2017 e a Selic caindo a 9% este ano, patamar que será mantido em 2018.

Para a bolsa, Mello diz que a reforma da Previdência será um divisor de águas, uma vez que tende a ser acompanhada pela queda da Selic, pelo fluxo investidor internacional que não alocou na bolsa brasileira e pelo institucional que reduziu em a renda variável.

Ele citou ainda um quarto elemento, que é o efeito da desalavancagem das companhias nas margens. “Acredito que não está totalmente embutido nos preços das ações o efeito que essa desalavancagem tem na margem operacional. A maioria dos analistas leva em consideração em grande parte o efeito das receitas na margem”, observou.

A SulAmérica espera que o índice de alavancagem das empresas, considerando a dívida em relação ao Ebitda, saia de 2,84% para 1,8% em 2018.