Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) revelam os esforços do delegado Fernando Caieron para a montagem de equipamentos de contrainteligência em suposto benefício do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (MDB). Ambos foram presos no âmbito da Operação Chabu, que mira suposto esquema de violação de sigilo funcional na PF em benefício de políticos e empresários de Santa Catarina.

Loureiro foi solto, mas afastado do cargo por 30 dias, após ordem judicial. Posteriormente, o desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, devolveu o cargo ao emedebista. A PF dá conta de que informações de cinco operações, incluindo a Lava Jato, foram vazadas para outros investigados.

Segundo a PF, o delegado Caieron, e os empresários José Augusto Alves e Luciano Cunha Teixeira, “também, perfazem a montagem de ‘salas seguras’, valendo-se para tanto de equipamentos contrabandeados do Paraguai”. “No fato em testilha, a referida ‘sala segura’ seria para o uso do sr. Gean Marques Loureiro, Prefeito de Florianópolis, na Prefeitura de Florianópolis”.

Em uma das conversas, segundo a PF, Alves diz a Teixeira que “já escolheu o equipamento para montagem da ‘sala segura’ do Prefeito Gean Loureiro declinando a necessidade de buscar os equipamentos no Paraguai”.

“José Augusto Alves conversa com o sr. Luciano Cunha Teixeira e indica que está na Polícia Federal com ‘nosso amigo’ – Del. Fernando Caieron – e iriam participar de uma reunião pois já estaria com o “modelo do equipamento” e que iria buscá-los no Paraguai”.

“Os integrantes então criam um grupo no Whatsapp nominado ‘Sala Segura’ . Trata-se do grupo onde o sr. referidos tratam do contrabando de equipamentos do Paraguai para a montagem de ‘Sala Segura’, supostamente, na Prefeitura de Florianópolis a pedido do Prefeito Gean Loureiro”, afirma a PF.

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A Polícia Federal ainda diz que, no grupo, é discutido “qual seria o melhor equipamento para montarem a ‘sala segura’ da Prefeitura”.

“Destaca-se que o sr. José Augusto Alves indica que irá vender os equipamentos e que sua intenção é a instalação em órgãos públicos”; “explica que ‘puxar a fiação hoje em órgão público’ é complicado”, afirma a PF.

Defesas

Em nota, a prefeitura de Florianópolis informou que Gean Loureiro concordou em prestar todas as informações e comparecer à PF para depor. “As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à Prefeitura”, afirma a assessoria de Loureiro.

A reportagem busca contato com a defesa do ex-secretário de Estado da Casa Civil, Luciano Veloso Lima, atualmente ocupando função na Biblioteca da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, e também alvo da Operação Chabu. Da mesma forma, a reportagem busca contato com a defesa do delegado de Polícia Federal Fernando Caieron. O espaço está aberto para manifestação.


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