3 perguntas para Glen Keane, animador e ilustrador.

Em “A Caminho Da Lua”, você cria um novo mundo do início. Quais as principais inspirações?

Durante a viagem na China, minha designer de produção Celine Desrumaux disse: Glen, olhe essas paredes. Elas são brancas. Eu disse: sim, são brancas. E ela: não, elas são roxas, verdes, azuis e amarelas. Foi então que pintamos uma parede de branco para descobrir como as outras cores poderiam aparecer. Lunaria vive pela luz refletida da deusa Chang’e, ela é a fonte da luz, de dentro para fora. Também se assemelha às telas de Miró. É como se o artista estivesse pintando formas geométricas que flutuam, com algum senso de gravidade, mas ainda assim flutuando.

O filme conta uma história de superação da dor, vivida por uma criança. Como “A Caminho da Lua” pode se comunicar com o público?

Já ouvi uma vez que todas as histórias são sobre cura. Essa não é diferente. A mensagem aqui é aprender, apesar da dor. É uma forte mensagem para crianças, mas também para o público adulto. Lidar com divórcios, a distância, a morte de alguém que você ama, tudo isso nos impacta.

E, falando de dor, Fei Fei e a Chang’e descobrem que têm muito em comum.

No filme, é importante que Fei Fei encontre alguém que também sente uma dor como a dela. Isso ajuda a destrancar o interior de Fei Fei, mas também ajuda a deusa. Para mim, o mais importante do filme é viver na pele da personagem, sentir o que ela sente. Algo semelhante me acompanha desde o curta Dear Basketball (2017), que dirigi com o jogador Kobe Bryant (morto em janeiro deste ano). São coisas que carregam mensagens finais. Não é apenas sobre um filme de entretenimento, é sobre dar ferramentas para as pessoas viverem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.