05/11/2021 - 9:30
Embora com desempenho mais tímido em relação há quatro anos, o Partido Liberal Democrata (PLD) saiu-se bem nas eleições parlamentares do Japão no final da semana passada. Para a Câmara Baixa a legenda conseguiu eleger duzentos e setenta e seis deputados — a Casa tem quatrocentos e sessenta e cinco cadeiras. O resultado permitirá que o primeiro ministro Fumio Kishida, há um mês na função, implemente sua política de propostas orçamentárias e fortalecimento da instituição militar — tem respaldo popular para isso, até porque o país está vivenciando uma crescente instabilidade regional no Pacífico, devido ao clima tenso entre os poderosos EUA e China, tendo como marco histórico o acordo militar entre britânicos, americanos e o governo australiano. Foram duas as principais bandeiras de palanque que deram vitória ao PLD: a primeira diz respeito à melhoria na área da defesa contra as ameaças que inevitavelmente virão, mais cedo ou mais tarde, da Coreia do Norte e dos chineses; o segundo objetivo é melhorar o trabalho do governo contra a pandemia de Covid. A vitória pavimenta o caminho para que, nas eleições de 2022, o partido também faça maioria na Câmara Alta. Isso propiciará segurança a Kishida — desde 1945, somente cinco políticos permaneceram no cargo por cinco anos, o que dificultou a consolidação de estabilidade política no país.
CULTURA
Lançado excelente livro com crônicas do pernambucano Antonio Maria
Antonio Maria, escritor, locutor de futebol, letrista e poeta (Crédito:Divulgação)
Desembarca nas livrarias uma obra que havia tempo a literatura brasileira cobrava que fosse lançada (sai pela editora Todavia). Trata-se de “Vento Vadio”, reunindo textos de um dos principais cronistas que o Brasil já teve: o recifense Antonio Maria (1921-1964). Foi cronista, poeta, letrista, locutor de futebol e, sobretudo, como definia a si mesmo, um “Brasileiro: profissão esperança”. O livro possui cento e oitenta e cinco crônicas. Antonio Maria e a cantora e compositora Dolores Duran receberam maravilhosa homenagem em espetáculo escrito por Paulo Pontes. Mas havia a lacuna de um livro, agora muito bem editado no centenário de seu nascimento.
PERSONAGEM
Lição de democracia: Nova York elege prefeito negro, que foi delinquente juvenil e policial
Nova York é a maior cidade dos EUA. Tem aproximadamente oito milhões de habitantes e um orçamento anual de cerca de US$ 100 bilhões. Acaba de dar uma lição a governantes e à parcela da população americana que mantêm vivo um racismo estrutural: elegeu, pela segunda vez, um prefeito negro. Trata-se de Eric Adams, 61 anos, que experimentou a vida de delinquente juvenil e, posteriormente, a de policial – justamente para combater a mentalidade de discriminação racial na corporação. No primeiro dia de 2022, ele herdará do atual prefeito e colega de Partido Democrata, Bill de Blasio, uma cidade com os cofres vazios e na qual a criminalidade apresenta índices crescentes. O primeiro problema é difícil de resolver devido ao vaivém da pandemia. Quanto ao segundo, torna-se mais fácil porque Adams já esteve fora da lei e, depois, resolveu lutar pelos direitos civis como agente policial. Vivenciou dois lados do balcão da vida.
BRASIL
Golpe de Lira
A madrugada sempre foi cúmplice de decisões inescrupulosas no mundo político. Não ocorreu diferente no Brasil após a zero hora da quinta-feira 4. A PEC dos Precatórios, de Jair Bolsonaro, está aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, presidida por Arthur Lira – passou com 312 votos contra 144. Endossaram-se, assim, dois crimes: 1) o de irresponsabilidade fiscal, uma vez que a PEC permite furar o limite legal de gastos do governo; 2) o crime de insegurança jurídica porque a pedalada nas contas implica calote nos precatórios (dívidas públicas). Tudo se deve a uma armação de Lira ao permitir que deputados ausentes no plenário votassem virtualmente. Está liberado, dessa forma, o dinheiro para o Auxílio Brasil, com o qual Bolsonaro tentará comprar voto dos menos favorecidos. Como o PDT se colocou a favor, o pré-candidato Ciro Gomes, que integra a sigla, declarou que está retirando a sua pré-candidatura à Presidência da República. É pagar para ver.
Ás no volante
Se há algo que a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, não consegue fazer é se disfarçar e passar imperceptível em alguma situação. Com certeza, é ela uma das personalidades mais conhecidas do planeta. De lenço na cabeça e óculos escuros, só mesmo a rainha achou que ninguém a reconheceria dirigindo o seu jaguar em torno do Castelo de Windsor. O fato chamou a atenção mundial porque os seus médicos recomendaram-lhe repouso de duas semanas. A rainha está com 95 anos de idade.
