ROMA, 2 DEZ (ANSA) – A região do Vale de Aosta, no extremo-norte da Itália, aprovou nesta quarta-feira (2) um decreto contra as novas regras determinadas pelo governo nacional para evitar a propagação do novo coronavírus Sars-CoV-2 e que prevê uma gestão autônoma da emergência sanitária. “Não importa se essa lei será contestada: é um forte sinal da nossa autonomia, o que deixa claro que o Vale tem um Estatuto que queremos defender com todas as nossas forças”, disse o governador da região, Erik Lavevaz, sobre o texto aprovado pela maioria do conselho regional.   

A decisão é uma forma de contestar a ordem do ministro da Saúde, Roberto Speranza, de classificar o Vale de Aosta como uma das quatro regiões definidas como “zona vermelha”, com regras que incluem fechamento do comércio não essencial e proibição de sair de casa a não ser por motivos de trabalho ou urgentes.   

Segundo Lavevaz, “o decreto, constituído por sete artigos, tem por objetivo adaptar as medidas nacionais ao território e às suas especificidades. Com isso, regularizar a livre circulação dos cidadãos, as atividades econômicas e as relações sociais, de forma compatível com as regras de contraposição à propagação do vírus”.   

O ministro das Relações Regionais, Francesco Boccia, por sua vez, pediu para o governador do Vale de Aosta revogar o decreto que permite a reabertura de empresas, como se a região estivesse na zona laranja.   

Boccia ainda lembrou que o documento “introduz disposições sobre a retomada das atividades comerciais de varejo em claro contraste com as regras do decreto do primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, em 3 de novembro”.   

“Convido-o a revogar a ordem, lembrando-lhe das responsabilidades que podem surgir da aplicação das medidas por ela introduzidas em relação à manutenção das redes de saúde e à proteção da saúde dos cidadãos do Vale de Aosta”, escreveu.   

Para o ministro, “as declarações de Lavevaz minam e prejudicam a colaboração leal que tem caracterizado o árduo e cansativo trabalho comum contra a pandemia nos últimos meses”. “Todos sabem a importância da grave crise que as categorias estão enfrentando econômica, evidentemente, nem todos estão cientes da gravíssima emergência sanitária e da quantidade de famílias que enfrentam um luto muito pesado a cada dia”.   

Desde o início da pandemia, o governo nacional da Itália disponibilizou mais de 80 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e especialistas da Defesa Civil, para atuarem na região no extremo-norte, segundo Boccia.   

A região é a menor e menos populosa do país e também apresenta os piores índices de incidência (5.180 casos/100 mil habitantes) e mortalidade por Covid-19 (251 óbitos /100 mil hab.) em todo o território italiano. (ANSA)