A massoterapeuta Maria Venâncio morava com o ex-companheiro, Pedro Cabral de Souza Liuzzi, e os filhos T., de 7 anos, e Nina, de 19, no bairro de Rio Comprido (RJ). Em setembro de 2021, eles resolveram se mudar com a família para a cidade de Odivelas, em Portugal, na esperança de terem mais segurança e uma melhor educação para o caçula. No entanto, no dia 25 de janeiro, Maria recebeu uma ligação da coordenadora da Escola Básica Manuel Coco na qual foi informada que o seu filho havia levado um tapa no rosto de uma funcionária. As informações são da coluna TAB do UOL.

Segundo a coordenadora, o menino se recusou a comer na hora do almoço e a funcionária responsável tentou forçá-lo. Nesse momento, a situação ficou tensa e T. teria chutado a funcionária, que revidou com um tapa no seu rosto.

No final do telefonema, a mulher pediu para que Maria fosse a uma reunião no dia seguinte.

“Achei que a situação estava contornada e que poderia ir até a escola no dia seguinte. Mas, após desligar o telefone, tive a sensação de que algo estava errado.”

Em seguida, ligou para o ex-companheiro e ambos foram até a escola.

Quando chegaram no local, a coordenadora lamentou o ocorrido e afirmou que a profissional seria transferida para outra escola.

“Isso aumentou a minha revolta. Aquela mulher agrediu uma criança, ela não deveria estar em contato com outras”, afirmou Maria.

Diagnóstico de autismo

Maria relatou que, com 4 anos, T. começou a apresentar problemas no desenvolvimento da fala e compreensão. Desde então, ele passa por uma investigação médica que pode ter como resultado o diagnóstico de autismo.

Nas crianças, os sinais de autismo se apresentam na dificuldade de manter contato visual, não atender pelo próprio nome, ser preso às rotinas, ter dificuldade no desenvolvimento da fala e ter uma alimentação seletiva.

Quando chegou em Portugal, Maria relatou a situação do filho e afirmou que caso ele recusasse a comida na hora do almoço, não era para forçá-lo. “Eu consigo suprir essa necessidade quando ele chega em casa. Sento com ele e fico uma hora na mesa se for necessário.”

Agressão ocorreu na frente de outras crianças

Assim que terminou a reunião com a coordenadora, Maria comunicou que iria registrar uma notícia-crime na Polícia de Segurança Pública.

Quando saiu da Escola Básica Manuel Coco, ela foi abordada por outra mãe que contou que o seu filho havia presenciado a agressão, assim como as outras crianças, e disse que T. havia sangrado muito pelo nariz. Mas ele foi levado para fora do refeitório e voltou com o rosto limpo.

Essa informação não tinha sido relatada para os pais.

Então, Maria e Pedro resolveram checar as roupas do menino e viram o seu moletom sujo com manchas de sangue.

“Não repassaram isso como se fosse algo muito normal, uma criança sangrar após levar um tapa de um adulto. Para mim, um crime aconteceu e a cena foi alterada.”

A massoterapeuta registrou fotos e vídeos do ocorrido e apresentou todo o material na polícia.

Mesmo com a agressão, Maria não tirou o seu filho da escola. “Ele é uma criança que precisa de vínculos e raízes emocionais. O problema não é o meu filho, é o sistema que tem que se corrigir. Mas um crime aconteceu dentro do ambiente escolar e eu quero justiça.”