O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou nesta segunda-feira, 19, que é preciso analisar as atuais regras de financiamento de campanhas para julgar se o atual sistema vai continuar nas próximas eleições presidenciais.

Ele se colocou como “relativamente cético” à manutenção da legislação atual, que permite apenas a doação de pessoas físicas a candidatos. “É difícil crer que (modelo de financiamento atual) será replicado em 2018 (nas eleições presidenciais)”, disse o ministro, sobre o sistema que proíbe a doação privada e coloca um limite nos gastos para as campanhas municipais.

Segundo ele, o sistema eleitoral brasileiro já vem dando sinais de exaustão. “A toda hora os escândalos se sucedem, muitos deles ligados ao processo eleitoral e ao financiamento”, afirmou Mendes, no plenário do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), em palestra na última aula do curso de especialização em Direito Eleitoral da Escola Judiciária Eleitoral Paulista (Ejep).

Ele disse que há indicações de que executivos de empresas estão doando a candidatos nestas eleições, diante da proibição às contribuições corporativas. “Empresas que não podem doar estão doando via executivos, evidentemente. Alguém imaginava que ia ser de outra forma?”, declarou.

Ele votou a afirmar que as revelações de caixa dois na campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) em 2014 provam que o caixa dois não tinha sido banido da política nacional. Ele disse que o modelo atual, permitindo apenas doações de pessoas físicas, também tem se revelado como uma doação “faltosa e deficitária, suscetível a manipulação”. Defendendo uma reforma política a ser formulada, o ministro afirmou que é preciso discutir o sistema eleitoral como um todo, e não apenas a forma de financiamento legal.