Memorial de Buchenwald pode proibir uso de lenço palestino

Memorial de Buchenwald pode proibir uso de lenço palestino

"Buchenwald,Tribunal alemão rejeita ação movida por uma mulher que queria entrar no memorial do antigo campo de concentraçao usando um keffiyeh para protestar contra o governo de Israel por causa da guerra em Gaza.O memorial do antigo campo de concentração de Buchenwald, no leste da Alemanha, pode proibir a entrada de quem tentar visitar o local usando um lenço típico palestino, decidiu um tribunal alemão nesta quarta-feira (20/08) numa ação movida por uma visitante que queria protestar no local contra a guerra na Faixa de Gaza.

De acordo com a imprensa local, o estopim para a decisão teve início quando uma mulher tentou entrar em Buchenwald usando um keffiyeh durante as cerimônias que marcaram o 80º aniversário da libertação do campo, em abril passado

Segundo a imprensa local, a mulher, que estava usando o lenço, foi impedida de participar do evento, quando ocorreu uma breve manifestação pró-palestina no local. Ela então solicitou aos tribunais que a autorizassem a retornar ao memorial para outro evento esta semana, usando um keffiyeh.

Um tribunal da cidade de Weimar rejeitou o recurso da visitante contra uma decisão de primeira instância proferida por outro tribunal alemão. A autora da ação queria "forçar o memorial a permitir seu acesso usando um lenço palestino", de acordo com a declaração do tribunal.

"Ela mesma indica que, ao usar o lenço palestino, desejava transmitir uma mensagem política contra o que considera ser a postura unilateral do memorial em favor da política do governo israelense", acrescentou o tribunal.

"Não há dúvida de que isso compromete a sensação de segurança de muitos judeus, especialmente no local do memorial", afirmou o tribunal alemão.

Keffiyeh não é proibido no memorial

Em entrevista à rádio alemã NDR há um mês, o diretor do memorial de Buchenwald, Jens Christian Wagner, observou que há frequentes problemas com visitantes ligados ao movimento de solidariedade com os palestinos desde o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque terrorista do grupo radical Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

"Eles apareceram com símbolos, não com o objetivo de homenagear as vítimas do antigo campo de concentração de Buchenwald, mas com o objetivo de disseminar propaganda anti-israelense e, neste caso específico, antissemita. Não podemos tolerar isso", declarou o diretor do memorial.

Sobre o keffiyeh, Wagner disse que ele não é proibido no memorial. "Mas se for usado juntamente com outros símbolos para transmitir uma mensagem política dentro do memorial, o que poderia relativizar os crimes nazistas, então pediremos às pessoas envolvidas que o removam", acrescentou.

Quase 280 mil pessoas estiveram detidas em Buchenwald e subcampos adjacentes entre 1937 e o fim da Segunda Guerra Mundial, das quais 56 mil foram mortas, entre elas cerca de 12 mil judeus. Entre as vítimas também estavam membros dos grupos sinti e roma, opositores políticos do nazismo, testemunhas de jeová, desertores alemães, comunistas e social-democratas, homossexuais e prisioneiros da União Soviética e da Polônia.

as/cn (AFP, Efe)