O ex-campo de concentração de Buchenwald pode proibir a entrada de uma pessoa que usa um lenço palestino, determinou nesta quarta-feira (20) a Justiça alemã, após a denúncia de uma visitante que buscava protestar contra a política atual de Israel.
Segundo meios de comunicação locais, a mulher quis entrar com um kufiya em Buchenwald (leste da Alemanha) durante as comemorações em abril pelos 80 anos da libertação do local, onde ocorreu brevemente uma manifestação pró-palestina.
O tribunal de Weimar (leste) rejeitou o apelo da visitante contra uma decisão emitida em primeira instância pela Justiça alemã.
A denunciante queria “obrigar o memorial a autorizá-la a entrar usando uma kufiya palestina”, segundo o comunicado do tribunal.
“Ela mesma indica que, ao usar o lenço palestino, deseja transmitir uma mensagem política contra o que considera uma postura unilateral do memorial a favor da política do governo israelense”, acrescenta o tribunal.
“Não há dúvidas de que isso compromete o sentimento de segurança de diversos judeus, principalmente no local do memorial”, estima a Justiça alemã.
Em uma entrevista concedida há um mês à rádio alemã NDR, o diretor do memorial de Buchenwald apontou “problemas com visitantes ligados ao chamado movimento ‘de solidariedade com a Palestina’, desde a guerra em Gaza desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023”.
“Eles se apresentaram com símbolos (…), não com o objetivo de homenagear as vítimas do ex-campo de concentração de Buchenwald, mas para fazer propaganda anti-israelense e, neste caso específico, antissemita”, declarou Jens Christian Wagner, diretor do local.
“Não podemos tolerar isso, assim como nenhuma outra forma de ataque contra o trabalho da memória”, acrescentou.
Em relação ao lenço palestino, Wagner esclareceu que não está proibido no memorial. “Pode ser usado se uma pessoa de origem palestina o usar como parte de uma tradição”, destacou.
“Mas se for utilizado juntamente com outros símbolos para transmitir uma mensagem política dentro do memorial, capaz de relativizar os crimes nazistas, então pediremos às pessoas envolvidas que os retirem”, acrescentou.
Entre 1937 e 1945, cerca de 56.000 pessoas morreram em Buchenwald. Entre as vítimas estavam milhares de judeus, mas também ciganos, opositores políticos ao regime de Hitler, homossexuais e prisioneiros da União Soviética.
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