Depois de um processo que levou vinte anos, a Beth-El, uma das sinagogas mais antigas do País, foi transformada no novo Museu Judaico de São Paulo (MUJ). Além de quatro andares de exposições, o prédio restaurado no bairro da Bela Vista tem uma biblioteca com mais de 20 mil livros. O acervo é oriundo do espólio do antigo Arquivo Histórico Judaico Brasileiro e traz documentos raros. São mais de 20 mil livros (8 mil em íidiche), 100 mil fotos, 400 depoimentos da história oral, periódicos e cerca de um milhão de documentos raros. A instituição nasce com quatro exposições simultâneas: “A Vida Judaica” aborda os rituais da comunidade; “Judeus no Brasil: Histórias Trançadas” exibe as diversas correntes imigratórias dos judeus para o País; “Inquisição e Cristãos-Novos no Brasil: 300 anos de Resistência”, sobre a perseguição sofrida dos séculos 16 ao 19; e “Da Letra à Palavra”, que traz a relação entre a arte e a escrita por meio do trabalho de 32 artistas contemporâneos brasileiros. A responsável pela curadoria é a pesquisadora Ilana Feldman. “O MUJ não é apenas um lugar de preservação e difusão, mas de produção de conhecimento e experiências em conexão com o tempo presente”, diz ela.

@FERNANDO SIQUEIRA

Vínculos com Dom Pedro II

A mostra “Judeus no Brasil”, em cartaz no MUJ, remete às ligações de Dom Pedro II com o judaísmo no Brasil Império. A mostra traz um fac-símile de um fragmento da Torá encontrado em sua residência, na Quinta da Boa Vista. Já a exposição “Da Letra à Palavra”, com curadoria de Lena Bergstein e Sergio Fingermann, traz obras de Beatriz Milhazes, Artur Bispo do Rosário, Arnaldo Antunes, Carmela Gross, Arthur Lescher e Paulo Pasta, entre outros.