Memorandos de Rússia e Ucrânia sobre fim do conflito são divergentes, diz Putin

Os memorandos russo e ucraniano, que apresentam as visões de Moscou e Kiev sobre qual caminho seguir para alcançar a paz, são “diametralmente opostos”, disse o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (27).

“Não é nenhuma surpresa (…) Tratam-se de dois memorandos diametralmente opostos. Mas as negociações foram organizadas e realizadas precisamente com o objetivo de encontrar pontos de entendimento”, declarou Putin durante uma coletiva de imprensa à margem de uma cúpula regional em Minsk, Belarus.

O presidente destacou que os negociadores russos e ucranianos estão “em contato permanente”, especialmente para concordar sobre um local e uma data para um terceiro ciclo de conversas diretas, após as que foram organizadas na Turquia em 16 de maio e em 2 de junho.

Essas conversas, as primeiras diretas entre Rússia e Ucrânia para tentar encontrar uma saída para o conflito iniciado em fevereiro de 2022, não tiveram avanços significativos.

No início de junho, cada parte entregou à outra um memorando, uma espécie de plano ideal para alcançar um acordo de paz após mais de três anos de ofensiva russa em larga escala.

A Ucrânia exige que o exército russo se retire das cinco regiões que ocupa parcial ou totalmente, e a Rússia quer que Kiev desista de aderir à Otan e reconheça o controle desses territórios por Moscou, condições que Kiev considera inaceitáveis.

Assim, nas últimas semanas, houve apenas trocas de prisioneiros e de corpos de pessoas mortas na linha de frente, a maioria soldados.

“Concordamos em continuar com nossos contatos após (…) a restituição dos corpos de nossos soldados mortos”, afirmou Putin à imprensa.

“Assim que esta etapa terminar, realizaremos uma terceira série de negociações (…) Estamos dispostos a isso”, garantiu, indicando que esse encontro poderia ocorrer em Istambul.

Além disso, Putin admitiu que os gastos com defesa dispararam e neste ano estão na ordem de “6,3% do PIB”, o que provocou um aumento da inflação, agora em torno de 10%.

Este nível de gasto militar “é alto”, reconheceu. “Pagamos por isso com a inflação, mas atualmente estamos lutando contra o aumento dos preços”, acrescentou.

Por fim, Putin afirmou sentir “profundo respeito” por seu par americano, Donald Trump, a quem chamou de “corajoso”.

Também assegurou “apreciar” que o republicano “deseje sinceramente encontrar uma solução” para o conflito na Ucrânia.

“Graças ao presidente Trump, as relações entre Rússia e Estados Unidos começam a se equilibrar em alguns pontos. Nem tudo foi resolvido no âmbito das relações diplomáticas, mas os primeiros passos foram dados”, comentou.

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