AMSTERDAM, 18 OUT (ANSA) – A líder da oposição italiana, Elly Schlein, secretária do Partido Democrático (PD), criticou duramente a primeira-ministra Giorgia Meloni neste sábado (18), acusando-a de fomentar um clima de hostilidade e colocar em risco os valores democráticos do país.
As declarações foram feitas durante o congresso do Partido dos Socialistas Europeus, realizado em Amsterdã, poucos dias após o atentado que destruiu o carro do jornalista investigativo Sigfrido Ranucci, âncora de um programa da emissora pública RAI.
Durante seu discurso, Schlein afirmou que a liberdade e a democracia estão ameaçadas “quando a extrema direita está no poder”. Ela também criticou uma declaração recente de Meloni, feita em Florença, em que a premiê teria dito que “a oposição é pior que o Hamas”.
“Na Itália, há um governo de extrema direita que está cortando gastos públicos, saúde e escolas, e está bloqueando nossas propostas de salário mínimo. Eles só estão produzindo propaganda, ódio e polarização”, enfatizou.
Schlein disse ainda que a oposição não vai derrotar “a extrema direita seguindo a agenda deles”: “Precisamos nos lembrar de quem somos como socialistas. Precisamos empurrá-los para a nossa própria arena de defesa de direitos e justiça social”.
Além disso, manifestou solidariedade ao jornalista Ranucci, alvo de um atentado na noite da última quinta-feira (16), quando uma bomba colocada entre dois vasos em frente à sua casa explodiu, destruindo seu carro, danificando o veículo de sua filha e a entrada de um imóvel vizinho. Ninguém ficou ferido.
As declarações de Schlein geraram reação imediata da primeira-ministra, que respondeu pelas redes sociais acusando a líder da oposição de “espalhar mentiras” sobre a Itália no exterior.
Em tom contundente, Meloni escreveu que todos estão “à beira do puro delírio” e disparou: “Que vergonha, Elly Schlein, por circular pelo mundo espalhando mentiras e lançando sombras inaceitáveis sobre a nação que, como membro do Parlamento italiano e líder de partido, você deveria representar e ajudar.” A troca de acusações repercutiu no cenário político nacional, com intervenções de figuras do centro-direita e do centro-esquerda, incluindo o líder do partido Ação, Carlo Calenda.
No entanto, a tensão se intensificou com a publicação de um novo vídeo por parte de Schlein, em que reiterou suas críticas e cobrou explicações da primeira-ministra sobre a condução do governo.
“Você pode ir às Nações Unidas atacar a oposição diante do mundo inteiro, pode subir ao palco em Florença e dizer que a oposição é pior que terroristas, mas espera que a oposição fique em silêncio?”, rebateu Schlein.
A secretária do PD listou uma série de promessas não cumpridas pela coalizão de direita, como o reajuste da pensão mínima ? que, segundo Schlein, aumentou apenas 1,5 euro, muito abaixo dos mil euros prometidos. Ela também criticou a ausência de uma política industrial, o aumento nos custos de energia para empresas italianas em comparação com concorrentes europeias e os cortes na saúde pública.
Por fim, acusou o governo de ter rejeitado uma proposta da oposição para investir 5 bilhões de euros na contratação de médicos e enfermeiros, além de bloquear a proposta conjunta para a criação de um salário mínimo nacional. (ANSA).