Por Crispian Balmer e Keith Weir
ROMA (Reuters) – Os italianos estão votando neste domingo numa eleição que deve devolver o país ao governo mais à direita desde a Segunda Guerra Mundial e abrir caminho para Giorgia Meloni se tornar a primeira mulher premiê da Itália.
A vitória da aliança de direita liderada pelo partido Irmãos da Itália, de Meloni, parecia clara há duas semanas, quando as últimas pesquisas de opinião foram publicadas.
Mas com a proibição vigente das pesquisas nas duas semanas que antecedem a eleição, ainda há espaço para surpresas.
Cálculos complexos exigidos por uma lei eleitoral híbrida, proporcional e por maioria, podem fazer com que se leve muitas horas até que a composição de um novo parlamento seja conhecida.
“Viva a democracia”, disse Matteo Salvini, líder do partido Liga, um dos maiores aliados de Meloni, ao votar neste domingo.
Meloni seria a candidata óbvia a premiê como líder de uma aliança que também conta com o Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Um eleitor de Roma disse esperar que a direita vença.
“A esquerda, pelo que ouvi, não tem um manifesto sério e cada partido segue suas ideias, enquanto a direita pelo menos tem uma coalizão”, disse ele, que se identificou como Paolo.
A participação estava em torno de 19% ao meio dia, horário local, segundo dados provisórios, em linha com as eleições nacionais de 2018. Houve especulações de que um grande número de italianos optaria por não votar.
Mesmo que haja um resultado claro, é improvável que o próximo governo tome posse antes do final de outubro, já que o novo parlamento não se reúne até 13 de outubro.
A vitória coroaria um crescimento notável de Meloni, cujo partido teve só 4% dos votos na última eleição nacional em 2018.
Meloni, de 45 anos, minimiza as raízes pós-fascistas de seu partido e o classifica como um grupo conservador convencional. Ela tem prometido apoiar a política ocidental para a Ucrânia e não assumir riscos com uma economia fortemente atingida pelo aumento dos preços.
A eleição foi desencadeada por lutas internas entre partidos que derrubaram o amplo governo de unidade nacional do primeiro-ministro Mario Draghi, em julho.
A Itália tem um histórico de instabilidade política e o próximo primeiro-ministro liderará o 68º governo do país desde 1946 e enfrentará uma série de desafios, principalmente a alta nos custos de energia.
Líderes da União Europeia, ansiosos por preservar a unidade após a invasão da Ucrânia pela Rússia, estão preocupados que a Itália seja um parceiro mais imprevisível do que quando era sob o governo do ex-presidente do Banco Central Europeu, Draghi.
Para os mercados, há preocupações sobre a capacidade da Itália de administrar uma dívida que equivale a cerca de 150% do Produto Interno Bruto (PIB).