Meloni critica Rússia, Israel e Hamas em discurso na ONU

NOVA YORK, 25 SET (ANSA) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, criticou veementemente a Rússia pela invasão da Ucrânia e afirmou que a resposta de Israel aos ataques terroristas do Hamas de 7 de outubro de 2023 tem sido desproporcional, em seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, na noite de quarta-feira (24).   

“A Federação Russa, um membro permanente do Conselho de Segurança, pisoteou deliberadamente o Artigo 2 da Carta da ONU, violando a integridade e a independência política de outro Estado soberano na tentativa de anexar o seu território”, declarou Meloni em um pronunciamento de 16 minutos.   

“Mesmo hoje, permanece indisponível a aceitar seriamente qualquer convite para sentar-se à mesa de paz. Essa ferida profunda infligida ao direito internacional desencadeou efeitos desestabilizadores muito além das fronteiras da guerra, como era previsível”, acrescentou.   

Sobre o conflito no Oriente Médio, Meloni condenou a “ferocidade e brutalidade” dos ataques do Hamas e salientou que era legítimo Israel reagir, porém de forma proporcional. “Cada Estado e cada povo tem o direito de se defender, mas a resposta a um ataque deve sempre respeitar o princípio da proporcionalidade. Isto aplica-se a indivíduos e ainda mais a Estados. E Israel cruzou essa linha, com uma guerra em larga escala que afeta de forma desproporcional a população civil palestina”, reforçou.   

Segundo a premiê italiana, o país judeu está “violando normas humanitárias, causando um massacre entre civis” na Faixa de Gaza. “Isso nos levará a votar a favor de algumas das sanções propostas pela Comissão Europeia contra Israel”, acrescentou.   

No entanto ela ressaltou que não está entre aqueles “que colocam toda a culpa pelo que está acontecendo em Gaza em Israel”. “Foi o Hamas que começou a guerra. É o Hamas que poderia acabar com o sofrimento dos palestinos libertando imediatamente todos os reféns. É o Hamas que parece querer prosperar com o sofrimento do povo que diz representar”, salientou.   

Por outro lado, Meloni ressaltou que Israel “não tem o direito de impedir o nascimento de um Estado palestino nem de construir novos assentamentos na Cisjordânia”.   

Em seu discurso, a primeira-ministra também cobrou uma reforma “profunda” na arquitetura da ONU para torná-la capaz de responder rapidamente às crises contemporâneas, pediu a união da comunidade internacional para combater o tráfico de seres humanos, defendeu o aumento dos investimentos na África e criticou os “planos verdes” do Ocidente, definindo-os como “ecologismo insustentável”.   

De acordo com Meloni, a pressão por descarbonização “quase destruiu o setor automotivo na Europa, criou problemas nos Estados Unidos e gerou perdas de postos de trabalho”. “Como eu disse muitas vezes, não há nada verde no deserto”, declarou.   

(ANSA).