Meloni critica condenação de Le Pen: ‘Triste para democracia’

ROMA, 1 ABR (ANSA) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou nesta terça-feira (1º) que a condenação da líder da extrema direita na França, Marine Le Pen, pelo uso ilegal de fundos do Parlamento Europeu foi “um dia triste para a democracia”.   

A chefe do partido Rassemblement National foi sentenciada a quatro anos de prisão, que poderá ser cumprida com uma tornozeleira eletrônica, e proibida de concorrer a cargos públicos por cinco anos, o que a impedirá de concorrer à presidência em 2027.   

“Não sei a natureza das acusações feitas contra Marine Le Pen, nem as razões para uma decisão tão dura, mas acho que ninguém que se importa com a democracia pode celebrar uma medida que afeta a líder de um grande partido e tira a representação de milhões de cidadãos”, declarou Meloni ao jornal “Il Messaggero”.   

Já o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, enfatizou que “todos são inocentes até o terceiro grau de julgamento, que é a condenação final”. “Até mesmo a senhora Le Pen é inocente para mim”, disse ele, ressaltando que tem dúvidas sobre o uso da pulseira eletrônica porque a francesa “não é uma pessoa perigosa que pode escapar”.   

Ontem, o também vice-premiê e ministro dos Transportes, Matteo Salvini, já havia dito que Bruxelas declarou guerra a Le Pen após o anúncio da sentença.   

“Aqueles que temem o julgamento dos eleitores geralmente são tranquilizados pelo julgamento dos tribunais”, disse o líder do partido ultranacionalista Liga.   

Segundo Salvini, a decisão contra Le Pen “é uma declaração de guerra de Bruxelas, em um momento em que os impulsos bélicos” da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen e do mandatário francês, Emmanuel Macron, “são assustadores”.   

As declarações seguem a mesma linha adotada por vários membros do Rassemblement National, incluindo Le Pen, que têm atacado duramente o judiciário da França desde o início desta terça.   

Em entrevista coletiva na sede do partido, a política francesa garantiu que a sigla “não se deixará pisotear, defenderá os franceses que têm o direito de votar em quem quiserem e defenderá o país que está vacilante”.   

”Eles roubaram nossas eleições políticas, não deixaremos que os franceses tenham suas eleições presidenciais roubadas. ‘Usaremos todos os meios à nossa disposição para permitir que os franceses escolham seus futuros líderes e venceremos, porque a verdade e a justiça devem vencer”, acrescentou ele, ressaltando que “o sistema sacou uma bomba nuclear”. (ANSA).