Meloni condena ‘situação dramática’ em Gaza e pede cessar-fogo

ROMA, 23 JUL (ANSA) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, condenou nesta quarta-feira (23) a situação humanitária na Faixa de Gaza, palco de uma guerra entre Israel e o Hamas, e reiterou seu apelo por um cessar-fogo.   

A declaração foi dada pela líder do partido Irmãos da Itália (FdI) durante coletiva de imprensa ao lado do presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, na quinta cúpula intergovernamental entre os dois países.   

“Reitero que a situação em Gaza é dramática e que nenhuma ação militar pode justificar ataques contra civis”, declarou Meloni.   

A premiê italiana destacou ainda que todos estão “comprometidos em garantir o fim das hostilidades e que um processo sério em direção à perspectiva de dois Estados possa ser reiniciado.” Hoje cedo, mais de 100 organizações humanitárias denunciaram que uma “fome em massa” está se espalhando no enclave palestino e que seus funcionários também estão sofrendo severamente com a escassez de alimentos.   

Em um comunicado, os 111 signatários, incluindo Médicos Sem Fronteiras (MSF), Save the Children e Oxfam, alertaram que “nossos colegas e aqueles a quem servimos estão morrendo”.   

“Enquanto o cerco do governo israelense mata de fome a população de Gaza, os trabalhadores humanitários estão se juntando às mesmas filas de alimentos, correndo o risco de serem alvos, apenas para alimentar suas famílias”, diz o texto.   

As ONGs também apelaram por um cessar-fogo “imediato e negociado”, pela abertura de todas as passagens de fronteira e o livre fluxo de ajuda por meio de mecanismos liderados pela Organização das Nações Unidas (ONU).   

Ontem (22), inclusive, a ONU afirmou que as forças israelenses mataram mais de mil palestinos que tentavam obter ajuda alimentar desde que a Fundação Humanitária para Gaza, apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, iniciou suas operações no final de maio.   

Por outro lado, Israel afirma que a ajuda humanitária tem permissão para entrar em Gaza e acusa o Hamas de explorar o sofrimento da população, inclusive roubando alimentos para vendê-los a preços inflacionados ou atirando em pessoas que aguardam ajuda.   

Em meio à crise humanitária, o Ministério das Relações Exteriores da França também alertou que o “risco de fome” em Gaza é “resultado do bloqueio israelense”, Em nota, o governo de Emmanuel Macron condenou “firmemente a expansão da ofensiva israelense no centro de Gaza, onde ordens de evacuação levaram ao deslocamento de dezenas de milhares de pessoas em Deir el-Balah e prejudicaram o trabalho de inúmeras agências das Nações Unidas e ONGs internacionais”.   

Para a França, “esta nova operação acelera a deterioração da situação humanitária, marcada pela desnutrição e pelo risco de fome”.   

Por fim, Gabriel Romanelli, pároco da Igreja da Sagrada Família – alvo de um ataque de Israel na semana passada – , relatou que Gaza vive “realmente uma tragédia e não há sinais de alívio das tensões, nem mesmo em relação à libertação dos reféns”.   

“Dizem que a ajuda humanitária chegou ao Sul, mas muito pouco. A Igreja está fazendo um enorme esforço para enviar ajuda, mas até agora sem sucesso”, disse o religioso, acrescentando que “há fome em Gaza” e “isso é absolutamente real, e os bombardeios continuam”. (ANSA).