ROMA, 16 DEZ (ANSA) – O ministro do Meio Ambiente da Itália, Sergio Costa, afirmou que foi melhor encerrar a cúpula climática da ONU, a COP25, sem acordo do que com um compromisso ruim.   

Prevista para terminar em 13 de dezembro, a conferência se arrastou até domingo (15), mas não atingiu um consenso sobre a regulação global do mercado de créditos de carbono, principal entrave nas negociações.   

Esse modelo de negócios permite que países que superem suas metas de redução de emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), vendam o crédito excedente para nações mais poluentes.   

O mecanismo é criticado por ambientalistas, que temem que os créditos de carbono se tornem uma espécie de carta branca para países poluentes não reduzirem suas emissões.   

Nações com vastas coberturas florestais, como o Brasil, queriam estabelecer um sistema de dupla contagem, ou seja, os créditos gerados pela redução das emissões seriam contabilizados tanto para quem cede quanto para quem compra, mas essa condição foi rejeitada por uma ala liderada pela União Europeia.   

“É melhor ficar sem acordo do que ter um acordo ruim, mas que depois seja vinculante e comprometa todo o resto”, afirmou Costa neste domingo (15), após o encerramento da COP25. “Colocamos todos os argumentos na mesa, mas alguns países disseram não, como o Brasil, que impôs condições para os créditos de carbono”, acrescentou, em referência à proposta de dupla contagem.   

O Brasil também ficou isolado ao defender a eliminação de menções à importância dos oceanos e do uso da terra nas mudanças climáticas – um dos principais motores do desmatamento ilegal na Amazônia é a criação de áreas para agropecuária.   

Diversos países – da UE às ilhas do Pacífico ameaçadas pelas mudanças climáticas – se insurgiram contra a proposta brasileira, que acabou não prevalecendo. Já a discussão sobre o mercado de créditos de carbono foi adiada para a COP26, que acontecerá em novembro de 2020, em Glasgow. (ANSA)