O problema do Brasil não é a popularidade de Bolsonaro. O problema é a razão pela qual ele é popular. Sejamos sinceros, se 40% dos brasileiros gostam de Jair Bolsonaro, o problema não é ele: o problema é o Brasil.

É verdade que o discurso do Presidente na abertura da sessão de bodas de diamante da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas foi considerado “delirante” e confrangedor por muitas organizações ambientais, mas também é verdade que depois desse discurso a sua popularidade tocou a níveis nunca antes navegados.

A fatia da população que considera o governo ótimo ou bom é de 40% – 11 pontos a mais do que em dezembro de 2019, antes de a covid ter começado a cloriquinar o mundo.

Para compreender isto é preciso compreender que não há apenas um Brasil, mas sim muitos. Muitos Brasis, muito diferentes, que não curtem uns dos outros. Que têm entre si problemas de identidade cultural, de desconformidade social, de abuso policial… de ordem transcendental.

Problemas de desconfiança histórica e rácica. Muito antigos e enraizados nos conflitos latentes de uma história ainda muito recente.

Claro que samba, futebol e carnaval unem todos os brasileiros e até podemos dizer que existe, notadamente naqueles que vivem no exterior, uma emoção partilhada e uma certa ideia de Brasil único. Mas na sociedade brasileira existirá realmente uma partilha transversal de valores, uma visão comum do mundo e do futuro?

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Voltemos à popularidade do Presidente.  Se você é uma daquelas (ou daqueles) que acha que ele é um escroto, pense bem… Num dos momentos mais trágicos e difíceis de sempre — com covid, desvalorização da moeda, anorexia económica e crise generalizada, porque é que ele é tão popular?

Elementar meu caro Watson. Pura matemática. Se no dia em que a gente fica sabendo que Bolsonaro filho paga 70% menos por um apartamento, Bolsonaro pai consegue 40% mais de popularidade. É só fazer a conta.

É 110 % possível! Melhor mesmo é Jair se acostumando.


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