Para quem se debruça sobre a campanha do ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) à presidência vai notar que ele está traindo solenemente o atual presidente Michel Temer, presidente de honra do MDB. Meirelles diz que, quando o sistema financeiro americano precisou, chamou o Meirelles (e bota uma foto do ex-ministro com o ex-presidente americano Bill Clinton). Diz que quando Lula assumiu, chamou o Meirelles para criar 10 milhões de empregos (e coloca uma foto de Lula ao lado de Meirelles). Afirma que quando “eles” precisaram corrigir os erros de Dilma, chamaram Meirelles para tirar o País da crise. E não colocou nenhuma foto de Meirelles com Temer. Nem citou o nome dele, afirmando que “eles” o chamaram. Ora, está sendo uma clara traição a Temer. Afinal, o presidente abriu mão da reeleição para que Meirelles pudesse ser o candidato do MDB à presidência, com a condição de que Meirelles iria defender o “legado” do atual governo na campanha.

Sem Temer, que domina o partido de cabo a rabo, de norte a sul, dificilmente Meirelles conseguiria convencer o partido de que seria o candidato mais viável do partido. Se Temer tivesse puxado o tapete de Meirelles, certamente levaria o partido a apoiar a candidatura de centro, no caso a de Geraldo Alckmin (PSDB). Não é por outra razão que Temer anda magoado com Meirelles, por ter sido abandonado na campanha do ex-ministro no rádio e na TV. Vamos combinar que Temer realmente não é o cabo eleitoral que alguém gostaria de ter no palanque. Afinal, é o presidente pior avaliado na história recente do País. Mas lealdade é uma coisa cara no meio político. Ninguém sabe como será o dia de amanhã. Ou como dizem os políticos: não se pode cuspir no prato que se comeu. É de se acompanhar, portanto, se Meirelles resolveu mesmo esquecer que Temer existe. A campanha no rádio e na TV ainda tem 30 dias.