Depois de voltar a Brasília com status de superministro e pose de eventual candidato à presidência da República em 2018, Henrique Meirelles tem andado calado nos últimos dias. O principal motivo é o simples fato de não ter o que dizer de convincente ao País.

Embora prometesse um duro ajuste fiscal, a Fazenda até agora promoveu uma das maiores expansões de gastos da história recente. Nesse pacote, entram aumentos de servidores, alívios para os estados, aumento adicional do Bolsa Família e um auxílio extra para o Rio de Janeiro, já demandado por estados do Norte e Nordeste. Ao todo, a conta da gastança chega a R$ 125 bilhões, o que chega a ser contraditório para um país que se dizia quebrado.

Meirelles parece refém da lógica política do governo Temer. Na interinidade, “bondades”. O ajuste, com a volta da CPMF e a reforma da Previdência, viria só depois da votação de agosto sobre o impeachment – o que Maquiavel certamente aprovaria.

Enquanto a Fazenda diz uma coisa e faz outra, a surpresa positiva fica por conta do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Ao sinalizar o compromisso firme de que a inflação virá para o centro da meta de 4,5% já em 2017, ele contribuiu para que o dólar derretesse e caísse 11% em junho. Ao mesmo tempo, ao manter a meta em 4,5% em 2018, deixou claro que, assim que as expectativas forem ancoradas, haverá espaço para reduzir os juros.

Ilan disse ainda que o ajuste fiscal deve preceder a taxa Selic. Portanto, aos empresários insatisfeitos com o garrote monetário, cabe dizer que o alvo dos protestos deve ser Meirelles, e não Ilan Goldfajn.