O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse na noite desta quinta-feira, 24, que a Taxa de Longo Prazo (TLP), o juro que vai remunerar os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aprovada hoje na Câmara, mostra uma vitória importante de um projeto do governo e dá “uma boa perspectiva para a reforma da Previdência”.

Meirelles citou que a TLP vai reduzir os subsídios do Tesouro aos clientes do BNDES. “Isso custou nos últimos 10 anos cerca de R$ 100 bilhões”, afirmou a jornalistas antes de participar de evento em São Paulo, ressaltando ainda que o BNDES seguirá com acesso ao mercado de capitais para captar recursos livremente.

A TLP dará ainda maior poder ao Banco Central para controlar a inflação e juros, declarou o ministro. Meirelles disse que espera que os próximos passos da TLP no Congresso, que ainda precisa passar pelo Senado, transcorram de forma normal. “Toda mudança desse porte gera muito debate”, disse ele, ressaltando que a expectativa para a votação entre os senadores “é positiva”.

Meirelles defendeu aos jornalistas o programa de privatizações do governo, que prevê a venda ou concessão de 57 projetos. Ele ressaltou que a Casa da Moeda, por exemplo, pode atrair parceiros internacionais. A expectativa é que as privatizações melhorem os serviços para a população.

O ministro disse que é normal que existam setores que defendam a continuidade da presença do Estado da economia. Ao mesmo tempo, ele lembrou a própria experiência brasileira no passado, como a da Telebrás, e as recentes vendas de aeroportos, ambas mostrando melhora da eficiência e dos serviços aos consumidores. “A experiência mostra que os ganhos superam muito os custos”, disse ele.

PIB

Questionado se a retomada econômica tem sido muito lenta, Meirelles disse que a recuperação da economia está na velocidade certa. “Não se sai de uma recessão profunda, que é a maior da nossa história, em um salto. Sai de uma forma gradual e consistente”, disse ele, ressaltando que alguns indicadores da atividade estão surpreendendo.

Para o final do ano, o ministro reforçou que o Produto Interno Bruto (PIB) vai estar com expansão na casa dos 2% quando comparado com o último trimestre de 2016.

Eletrobras

Ao fazer uma defesa do plano de privatização da estatal, Meirelles disse que a Eletrobras tem um histórico de alto custo ao Tesouro e descartou a possibilidade de aumento da conta de energia com a venda da companhia.

Segundo Meirelles, a tendência é que a gestão da empresa melhore sob controle privado, reduzindo seus custos, o que poderá ser transferido às tarifas. “Gestão tem sido feita com profissionalismo. Importante é que a tarifa seja a menor possível e a gestão, a melhor possível.”

Ao chegar a evento em São Paulo, Meirelles classificou o programa de privatizações do governo Temer como “bastante moderno” e descartou que o calendário eleitoral do ano que vem possa ser um obstáculo para a realização dos leilões no ano que vem. “O cronograma deve ser cumprido. A privatização é hoje uma agenda nacional.” “Privatizando o que dá lucro, você arrecada muito mais.”

Candidatura

Sobre eventual candidatura nas eleições do ano que vem, Meirelles voltou a afirmar que seu foco é trabalhar para a retomada da economia brasileira e não as eleições de 2018. “No momento estou totalmente concentrado em fazer a economia voltar a crescer. Essa é minha missão e meu dever”, declarou a jornalistas nesta noite em São Paulo.

A tarefa de recuperar a economia “está tomando 100%” do tempo do ministro, segundo ele, ressaltando que essa foi sua mesma postura quando era presidente do Banco Central. “Não há nenhuma preocupação, nenhum vislumbre nesse sentido”, afirmou, ao falar das eleições do ano que vem.