Depois de números animadores no primeiro mês do ano, o desmatamento deve subir um pouco em fevereiro, em relação a janeiro. Os índices ainda não estão fechados, mas indicam uma subida. Todo mundo sabia que não seria fácil, mas uma elevação logo no início parecia improvável. Afinal, o governo anterior se notabilizou pelo apoio sem freio ao desmatamento. Daí, apenas a substituição de alguns funcionários em postos importantes poderia, pensaram muitos, impactar de imediato o combate aos males impostos à vegetação. Não é tão simples assim. Infelizmente.
Levantamento da PUC carioca mostra que o Brasil tem mais de 200 leis ou determinações para agir contra a depreciação das florestas. O problema é fazer cumprir o que a lei manda. No governo Bolsonaro, o ex-presidente lançou algumas decisões que ajudaram a aumentar de forma ultrajante os números de danos à mata. Mas, na verdade, se ele tivesse economizado sua fúria contra o mundo vegetal, nem precisaria de novas leis para incrementar a destruição. Bastaria não cumprir fiscalizações em relação a várias decisões anteriores a seu mandato, que procuraram defender os biomas do País. E ele fez isso, desmontando órgãos fiscalizadores e reguladores do meio ambiente.

O enxugamento de fiscais pelas regiões que mais necessitavam deles não só permitiu os ataques já planejados como incentivaram o crescimento do número de atrocidades ambientais. A impunidade é um combustível muito forte. Atropelado pela exposição pública do genocídio contra os Yanomamis, o novo governo ainda derrapa na reconstituição de sua rede de fiscalização ambiental. É muita coisa para consertar, tudo ao mesmo tempo agora. Então esse agora vai se prolongar, não dá para se iludir com respostas tão urgentes quanto seriam necessárias.