SÃO PAULO, 24 AGO (ANSA) – Os líderes dos sete países mais industrializados do mundo se reúnem a partir deste sábado (24), em Biarritz, na França, para a 45ª Cúpula do G7, que ocorrerá até segunda-feira (26). Desde 1975, o G7 é considerado um palco para construção de políticas econômicas e debates sobre o futuro mundial. Mas, desta vez, a reunião ocorrerá com um grupo visivelmente fragmentado e preocupado demais com seus próprios problemas internos. A Itália, cujo primeiro-ministro Giuseppe Conte renunciou há apenas quatro dias, vive uma crise política com desfecho ainda desconhecido. Conte representará o país no G7 apenas de maneira simbólica, pois, em Roma, corre-se contra o tempo para tentar formar um novo governo ou antecipar as eleições. Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que desembarcou neste sábado na França, está no meio de uma guerra comercial com a China que, além de assustar os mercados no mundo todo, ganha diariamente um novo capítulo. O Reino Unido também tem um desafio maior para encarar dentro de casa do que os assuntos internacionais do G7: o Brexit, marcado para outubro. Sob o governo do novo premier Boris Johnson, Londres tenta encontrar uma via de saída da União Europeia.   

Nesse contexto, o presidente francês, Emmanuel Macron, prepara-se para receber seus hóspedes em Biarritz, no sul do país. A perspectiva é que o tema ambiental seja um dos grandes pontos de discussão na cúpula, que conta ainda com a participação de Alemanha, Japão e Canadá. Isso porque a questão do meio ambiente pode ser a única capaz, nesse momento, de reunir os setes países em torno de um mesmo discurso – apesar da descrença de Trump no aquecimento global. Na quinta-feira passada (22), Macron fez um apelo nas redes sociais para que as queimadas em curso na Amazônia fossem controladas. A postagem, apesar de ter irritado o governo brasileiro, que se incomodou com o fato do líder francês chamar a floresta de “nossa casa”, gerou uma reação em cadeia entre outros líderes internacionais.   

Alemanha, EUA, Reino Unido, Colômbia, Chile, Irlanda, Canadá foram alguns dos países que exigiram medidas urgentes contras queimadas na Amazônia e ofereceram ajuda ao governo brasileiro para conter as chamas. Pressionado, Bolsonaro teve que voltar atrás em seu discurso (de acusar as ONGs pelas queimadas ou de alegar que era difícil conter os incêndios) e anunciou na noite de ontem (23) o envio de homens das Forças Armadas para a Amazônia.   

A medida, porém, não será suficiente para retomar a credibilidade do Brasil no exterior. Com a França e a Irlanda ameaçando não ratificarem o acordo de livre comércio entre UE e Mercosul devido às queimadas na Amazônia, que refletiriam a falta do compromisso do governo em manter um agronegócio sustentável, Macron voltou a fazer um apelo nesse sábado para que os países do G7 proponham medidas concretas para preservar a floresta. Em um vídeo transmitido hoje na imprensa francesa, Macron aparece com o oceano às costas e ressaltando que as mudanças climáticas e o meio ambiente serão a prioridade da cúpula em Biarritz. “Será uma cúpula ecorresponsável”, exaltou.   

A temática também foi defendida pela chanceler alemã, Angela Merkel. “O objetivo da Cúpula do G7 é de mandar um claro apelo para que seja feito tudo que seja possível para que a floresta pare de queimar”, disse em um vídeo-podcast publicado antes de sua partida para Biarritz. De acordo com Merkel, Macron “tem razão” quando diz que a “a nossa casa” está em chamas. “Espero também que possamos encontrar um acordo, em uma declaração conjunta, sobre a violência contra as mulheres”, completou Merkel.   

Macron tentará fazer com que todos os países do G7 ajam em nome da Amazônia. Se conseguir o feito, Bolsonaro deve se irritar ainda mais, agravando a crise entre Paris e Brasília. No fim de julho, Bolsonaro cancelou em cima da hora uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, e fez uma transmissão ao vivo cortando o cabelo no horário e que deveria se reunir com o francês. (ANSA)

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