25/11/2020 - 6:34
Em um artigo chamado “As Perdas que Compartilhamos”, publicado no jornal NY Times desta quarta-feira (25), a Duquesa de Sussex, Meghan Markle, revelou que sofreu um aborto de sua segunda gravidez do príncipe Harry, da Grã-Bretanha, em julho deste ano.
“Era uma manhã de julho que começou tão normalmente quanto qualquer outro dia. (…) Amarrei meu cabelo num rabo de cavalo antes de pegar meu filho no berço. Depois de trocar a fralda, senti uma cãibra forte. Eu me joguei no chão com ele em meus braços, cantarolando uma canção de ninar para nos manter calmos, a melodia alegre em forte contraste com a minha sensação de que algo não estava certo. Eu sabia, enquanto agarrava meu primeiro filho, que estava perdendo meu segundo filho.”
Meghan e Harry são pais de Archie, de um ano e meio. Ela segue no artigo contando o drama que o casal passou por conta da perda de sua segunda gravidez.
“Horas depois, eu estava deitada em uma cama de hospital, segurando a mão de meu marido. Senti a umidade de sua mão e beijei seus dedos, molhados com nossas lágrimas. Olhando para as paredes brancas e frias, meus olhos ficaram vidrados. Tentei imaginar como nos curaríamos.”
A duquesa, então, reflete sobre como talvez a melhor maneira de começar a curar a dor da perda de um filho seja perguntando “Você está bem?”, e como o ano de 2020 trouxe perdas para pessoas no mundo todo, seja pela pandemia do novo coronavírus ou em mortes como a de George Floyd e Breonna Taylor, assassinados pela polícia nos EUA.
Em outro trecho, citando sua própria dor, Meghan diz que “perder um filho significa carregar uma dor quase insuportável, vivida por muitos, mas falada por poucos”.
“Na dor de nossa perda, meu marido e eu descobrimos que em um quarto com 100 mulheres, 10 a 20 delas sofreram aborto espontâneo. No entanto, apesar da incrível semelhança dessa dor, a conversa permanece um tabu, cheia de vergonha (injustificada) e perpetuando um ciclo de luto solitário.”
Meghan relembra o Dia de Ação de Graças, comemorado nesta quinta nos EUA, e sugere que as pessoas aproveitem a data para perguntar para seus amigos e familiares se eles estão bem.
“Estamos nos ajustando a uma nova normalidade em que os rostos são ocultados por máscaras, mas isso nos força a olhar nos olhos uns dos outros -às vezes cheios de calor, outras vezes de lágrimas. Pela primeira vez, em muito tempo, como seres humanos, estamos realmente nos vendo. Estamos bem? Nós ficaremos.”