Para quem está acostumado com os embarques de contêineres com açúcar, grãos e produtos industrializados, o cenário no Porto de Santos nesta semana é bem diferente: um navio boiadeiro está estacionado no local desde quinta-feira, 30, em uma megaoperação para embarcar 27,5 mil bois para a Turquia. É a primeira operação de exportação de cargas vivas desde 1996 no porto.

Os animais pertencem ao Minerva Foods, um dos maiores frigoríficos da América Latina e o pioneiro em exportar gado vivo. Desde que começou, em 2003, a companhia já embarcou 2,5 milhões de bovinos vivos.

Segundo a empresa, a operação está sendo realizada em Santos porque o porto está mais próxima de onde há rebanhos com as características buscadas pelos compradores turcos.

Para o transporte, os bovinos chegam em caminhões que estacionam perto do navio e, então, um corredor metálico é instalado ligando o veículo à embarcação. Por ali passam os animais.

O navio que recebe os bovinos tem 201 metros de comprimento, 32 metros de largura e quase 47 mil toneladas. É a maior embarcação do mundo para transporte de animais vivos, de acordo com o site especializado Marine Traffic.

O procedimento ocorre no terminal Ecoporto, no cais do Saboó, e deve ser finalizado na segunda-feira, 3. A operação é acompanhada por técnicos da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), da Receita Federal e da Vigilância Agropecuária (Vigiagro).

O porto de Santos, o maior complexo portuário da América Latina, movimentou 113 milhões de toneladas de cargas em 2016. As importações representaram 32 milhões de toneladas e as exportações, 81 milhões. Os principais produtos exportados foram açúcar e derivados de soja. Já as importações mais relevantes foram de adubos e enxofre.

Cenário

Em 2016, o Brasil tinha cerca de 218 milhões de bovinos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com cerca de 20% do rebanho mundial. Naquele ano, o País foi o segundo maior produtor de carne bovina, responsável por 15,4% da produção global, atrás apenas dos EUA, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).