O Mar Mediterrâneo experimentou no domingo (29) sua temperatura de superfície mais quente já registrada para um mês de junho, a 26,01º C em média, segundo dados do programa europeu Copernicus analisados pela agência meteorológica francesa.
“Nunca medimos uma temperatura média tão quente em um mês de junho, durante o dia” na bacia mediterrânea, declarou à AFP Thibault Guinaldo, pesquisador do Centro de Estudos em Meteorologia Satelital (CEMS) de Lannion (Côtes d’Armor).
A temperatura média do Mediterrâneo atualmente é superior em aproximadamente 3 graus em comparação com os valores sazonais para o período 1991-2020, com anomalias que superam os 4 graus ao redor das costas francesas (Golfo de Leão) e espanholas (Ilhas Baleares), precisou.
Os oceanos desempenham um papel de regulador do clima ao absorver 90% do calor excedente gerado pelas atividades humanas.
As condições atmosféricas atuais fazem com que “o Mediterrâneo sofra plenamente a onda de calor: temos temperaturas enormes, pouco vento, muito sol chegando”, enumerou o pesquisador.
“Dado o panorama da próxima semana em termos de condições meteorológicas, infelizmente, não vai se resfriar”, acrescentou.
O Mediterrâneo experimenta ondas de calor repetidas desde 2023 e se resfria muito mais lentamente do que antes durante o período de inverno.
“Desde 2023, estamos todos os anos, no período outubro-abril, acima de um grau” de anomalia, assinalou Guinaldo.
As ondas de calor marítimas locais se sucedem desde o início do ano na bacia mediterrânea.
E o Golfo de Leão sofre uma onda de calor “quase permanente” desde o mês de abril, precisou.
No dia 15 de agosto de 2024, o mar Mediterrâneo experimentou o dia mais quente já registrado com uma temperatura média de 28,47° C de suas águas superficiais, superando o recorde anterior estabelecido em julho de 2023, segundo o Copernicus.
As ondas de calor marinhas colocam à prova as espécies marinhas menos móveis.
Durante estes fenômenos entre 2015 e 2019 no Mediterrâneo, cerca de cinquenta espécies (corais, gorgônias, ouriços, moluscos, bivalves, posidônias, etc.) experimentaram mortalidades em massa entre a superfície e 45 metros de profundidade, segundo um estudo de 2022 na revista Global Change Biology.
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