As doenças cardiovasculares são a principal causa de óbito no Brasil e no mundo e a hipertensão é o principal fator de risco. Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, um a cada quatro adultos no País são hipertensos.
A condição é caracterizada por aumento da pressão nas artérias. Pode ser assintomática durante anos, o que a torna mais perigosa, sendo capaz de provocar doenças como acidente vascular cerebral, infartos do miocárdio e lesões nos rins.
De acordo com o cardiologista e presidente eleito (2020-2021) do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia Audes Feitosa, a hipertensão é uma doença silenciosa. “Ela é assintomática na maioria dos casos. Estima-se que 30% da população brasileira tenha pressão alta”. Por ser assintomática, o desafio do diagnóstico é ainda maior. “A única maneira de identificar é através da medida da pressão arterial. Por isso, em toda consulta médica a pressão deve ser medida e avaliada. Mas, devido à grande variabilidade da pressão, em geral, os diagnósticos devem ser confirmados com as medidas fora do consultório”, assegura.
Nesses casos, há dois métodos recomendados. Um deles é a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), em que o paciente fica 24 horas com um equipamento no braço para monitorar a pressão. A cada 15/20 minutos ocorre uma medida. À noite, esse intervalo aumenta para 20/30 minutos. O outro é a Monitorização Residencial de Pressão Arterial (MRPA). O paciente mede a pressão três vezes pela manhã e três vezes a noite, durante cinco dias. Há uma orientação prévia ao paciente para que o uso do aparelho seja feito de forma correta.
Os dados são registrados automaticamente e, com eles, o médico faz uma média das medidas para determinar o valor da pressão fora do consultório. “É um método eficaz em que o paciente participa ativamente do processo ao anotar as suas medidas de pressão arterial, o que aumenta seu engajamento no tratamento”, garante. Para o cardiologista, professor e responsável pela Liga de Hipertensão da Universidade Federal de Goiás Weimar Sebba Barroso, as medidas fora do consultório têm como vantagens a obtenção de valores da pressão em condições do dia a dia do paciente, o que aumenta o poder de classificar o risco cardiovascular das pessoas. “Também é possível identificar o efeito do avental branco, que é o aumento da pressão no consultório por nervosismo, ansiedade e aflição.”
TRATAMENTO A hipertensão é uma doença crônica, mas pode ser controlada por meio da correção de hábitos alimentares, atividade física e controle do peso. Os fatores de risco incluem tabagismo, estresse, alta ingestão de sal, colesterol alto e sedentarismo. Para o tratamento, a maioria dos pacientes precisa fazer uso de medicamentos.
Segundo a cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Andrea Brandão, a adesão ao tratamento é baixa: “Muitos pacientes abandonam a terapia por acreditarem que não há risco para a saúde. No entanto, as complicações cardiovasculares lideram as causas de morte no País. O fato de a doença
ser assintomática favorece a baixa adesão”. Outro alerta é do cardiologista Marco Mota: “A interrupção do tratamento aumenta o risco das complicações, como derrame e infarto. Cronicamente, o quadro pode piorar, com o crescimento do coração e a insuficiência cardíaca”.
Dicas para controlar a hipertensão
– Consuma sal moderadamente
– Tenha uma dieta saudável
– Controle o peso
– Pratique exercícios físicos
– Se fi zer uso de medicamento, tome-o regularmente
– Consulte um cardiologista regularmente