Os médicos legistas de Honduras estão tendo problemas para identificar 20 corpos das 46 mulheres que morreram na terça-feira em um enfrentamento entre gangues rivais dentro de uma penitenciária, informou o Ministério Público nesta quinta (22).

“Equipes médicas forenses já realizaram as 46 necrópsias das pessoas que morreram nesta penitenciária de mulheres”, mas “ainda faltam 20 corpos para serem entregues” diante das “dificuldades para identificá-los”, disse à AFP a porta-voz do Diretório de Medicina Forense, Issa Alvarado.

De acordo com as autoridades, detentas da gangue Barrio 18 saíram de seu pavilhão na penitenciária, situada 25 km ao norte da capital Tegucigalpa, e invadiram outro módulo onde estavam as rivais da Mara Salvatrucha (MS-13), atacando-as a tiros e incendiando o recinto.

No total, 46 presas morreram. Outras sete ficaram feridas e foram transferidas ao Hospital Escola da capital, onde se recuperam.

“Vinte e seis delas foram plenamente identificadas” pelas impressões digitais que foram comparadas com as do Registro Nacional de Pessoas ou por “provas odontológicas”, explicou a porta-voz.

“Quando um corpo não pode ser identificado” por impressões digitais ou arcada dentária devido ao alto grau de incineração, o trabalho prossegue com [exames de] DNA”, acrescentou.

Familiares das vítimas permaneciam em tendas de campanha instaladas pela Cruz Vermelha e instituições do governo em frente ao Diretório de Medicina Forense, na zona leste de Tegucigalpa.

A presidente Xiomara Castro declarou-se “chocada” com o “assassinato monstruoso de mulheres […] planejado por maras [criminosos membros de gangues]” e anunciou medidas “drásticas”.

Nesse sentido, ela destituiu o ministro de Segurança, Ramón Sabillón, e a junta interventora liderada pela vice-ministra de Segurança, Julissa Villanueva.

Sabillón, que foi enviado para ocupar um cargo diplomático, foi substituído pelo diretor da Polícia Nacional, Gustavo Sánchez.

Xiomara Castro havia nomeado Villanueva em abril, depois que vários enfrentamentos registrados em quatro presídios deixaram um morto e sete feridos.

Em dezembro do ano passado, a presidente declarou “estado de exceção” para enfrentar as gangues violentas, uma medida que se assemelha às impostas pelo governo de Nayib Bukele em El Salvador há mais de um ano, mas com menos ações e resultados do que em território salvadorenho.

Na quarta-feira, o governo decidiu que a “Polícia Militar de Ordem Pública assume, a partir de 1º de julho”, o “controle dos 21 centros prisionais do país pelo período de um ano”, enquanto capacita 2.000 novos guardas penitenciários.

Além disso, ordenou que as Forças Armadas habilitassem uma instalação que possuem nas Ilhas dos Cisnes, no mar do Caribe, “como fazenda penal para a transferência de líderes de organizações criminosas, considerados de alta periculosidade”.

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