A desnutrição aguda na Faixa de Gaza está sendo usada como uma “arma de guerra” com o bloqueio israelense ao território palestino, alertou a ONG Médicos do Mundo (MDM) nesta terça-feira (13).
Após 18 meses de conflito, a Faixa de Gaza atingiu níveis de desnutrição “comparáveis aos observados em países que enfrentam crises humanitárias prolongadas que duram várias décadas”, como Iêmen ou Nigéria, observa a organização.
Em um relatório baseado em dados de seis centros de saúde que administra em Gaza, MDM aponta uma relação entre o aumento dos índices de desnutrição e um declínio no volume de ajuda humanitária que entra no território.
Por exemplo, em novembro, foi observado um aumento de 17% na desnutrição infantil, coincidindo com uma redução significativa no fluxo de ajuda humanitária.
A ajuda entra principalmente pelas fronteiras entre a Faixa de Gaza e Israel. A passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, está inoperante desde que o Exército israelense tomou a cidade na primavera de 2024.
Os volumes de ajuda têm oscilado desde o início da guerra – desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. As autoridades israelenses fecharam as passagens de fronteira desde 2 de março, alegando tentar pressionar o Hamas a libertar os reféns.
O gabinete de segurança israelense acredita que atualmente há “comida suficiente” em Gaza. Porém, no terreno, as ONGs relatam uma situação dramática.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou em 25 de abril que havia “esgotado todas as suas reservas”.
O relatório de MDM detalha o efeito dominó da redução das reservas de alimentos, assim como a destruição de instalações agrícolas e sistemas de saneamento, na crise da desnutrição.
A organização esclarece que não pode declarar oficialmente uma situação de fome devido à falta de dados abrangentes para todo o território palestino.
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