Exaustos após mais de seis meses de pandemia, os médicos do sistema público de saúde espanhol iniciaram uma greve nacional nesta terça-feira (27), a primeira em 25 anos, para exigir um maior reconhecimento de seu trabalho.
Devido às medidas de distanciamento social, apenas cerca de cinquenta profissionais reuniram-se em frente ao Congresso Espanhol de Madri, respondendo ao apelo da Confederação Estadual dos Sindicatos Médicos (CESM).
Segundo esta entidade, contactada pela AFP, cerca de 85% dos 267 mil médicos espanhóis participaram na greve, embora a maioria de forma simbólica.
Esta reivindicação nacional em um dos países europeus mais afetados pela covid-19 é nova, uma vez que esse tipo de protestos são geralmente covocados em nível regional, já que as regiões detêm competências de saúde pública.
Segundo o gastroenterologista Sergio Casabona, que participou do protesto em frente ao Congresso, “a gota d’água” para os profissionais de saúde foi um decreto, publicado no final de setembro, que permite a transferência de médicos para outros serviços hospitalares independente de sua especialidade.
O Ministério da Saúde justifica esta reforma pela pandemia covid-19, mas o CESM a define como “o maior ataque perpetrado contra a saúde espanhola”.
A greve acontecerá todas as últimas terças-feiras de cada mês até que seja obtida resposta, segundo o CESM.
Neste contexto, o governo espanhol anunciou nesta terça-feira que o projeto de orçamento de 2021 vai aumentar a rubrica saúde em 151%, com mais 3 bilhões de euros, dos quais 2,4 bilhões serão atribuídos à compra de vacinas e ao reforço da rede de atenção primária.