Depois de se tornar o primeiro medalhista mundial e olímpico no tae kwon do no País, o lutador Maicon Andrade corre atrás de outra marca inédita na categoria masculina. Nos Jogos Pan-Americanos, Maicon pode ser o primeiro brasileiro a conquistar medalhas em todas as competições da modalidade. Hoje, ele soma o bronze nos Jogos do Rio e no Mundial de Manchester, na Inglaterra, realizado em maio, e ouro nos Jogos Sul-Americanos, em 2018. Só falta o Pan.

“Consegui realizar meus dois maiores sonhos: ser medalhista olímpico e medalhista mundial. É muito difícil conseguir isso. Estou no caminho certo. Agora, o objetivo é conquistar uma medalha no Pan”, diz o mineiro de 26 anos ao Estado.

Hoje, Maicon está na 23.ª posição no ranking olímpico, sem computar o resultado do Mundial. Com a atualização, ele deve chegar ao 15.º lugar. O objetivo é chegar ao décimo em agosto e manter a regularidade no segundo semestre para buscar a vaga direta para Tóquio – os seis melhores são classificados automaticamente para os Jogos de 2020. O treinador Rafael Valério avalia que Maicon está no melhor momento de sua carreira.

Embora venha acumulando bons resultados, o lutador tem dificuldades para participar dos torneios internacionais, o que seria fundamental para subir no ranking e enfrentar os rivais mais fortes. A razão é uma só: financeira. Ele precisa pagar as despesas de viagem (parte aérea, hospedagem, transporte interno, alimentação e custos da competição) para alguns torneios com seus próprios recursos. A Confederação Brasileira de Tae kwon do e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) custeiam apenas as grandes competições, como o Mundial e o Pan-Americano.

Na segunda-feira, por exemplo, ele viaja para o Grand Prix de Roma com o apoio das entidades. Não vai precisar mexer no bolso. No final de junho, no entanto, ele terá novos desafios na Austrália. São duas competições em sequência. Para elas, terá de usar parte dos seus salários. O custo total gira em torno de R$ 17 mil. As viagens mais curtas custam R$ 10 mil.

“Estou me virando sozinho. É bem complicado. Eu acabo ficando para trás de vários adversários porque não consigo participar de todos os torneios”, diz o lutador. “Falta investir mais nas passagens. Eles só estão bancando os eventos grandes”, cobra o medalhista.

Hoje, o atleta é patrocinado pela Petrobrás e recebe o benefício da Bolsa Atleta na categoria pódio, a mais qualificada do programa, em função da medalha conquistada nos Jogos do Rio e a posição no ranking mundial. Os valores do benefício variam de R$ 5 mil a R$ 15 mil. Desde 2016, ele é terceiro sargento da Aeronáutica. De acordo com a tabela das Forças Armadas, a remuneração gira em torno de R$ 3.825,00. Por fim, ele recebe o apoio da academia Bluefit, que cede espaço para treinamento.

“Quando falamos da Petrobrás, Bolsa Atleta e Forças Armadas, parece um volume grande. Mas não é. Estamos falando de todas as despesas de um atleta. Além disso, tem a questão do câmbio que encarece muito as viagens na hora da conversão do real”, diz Valério.

ALTOS E BAIXOS – Desde a conquista do bronze no Rio, Maicon alternou bons e maus momentos. Entre 2017 e 2018, ele teve o desempenho prejudicado por três hérnias de disco. Depois da recuperação, conseguiu manter a regularidade, o que é difícil na categoria peso-pesado (acima de 87 kg). Neste ano, conquistou medalhas em todas as competições.